Quase sempre, quando contemplamos a
natureza, atraídos pela sua beleza, de início julgamos
que aquele cenário completa, em nós, a necessidade do
ser sedento que somos.
Cedo, porém, a alma insatisfeita logo se manifesta, e recorrendo
à possibilidade e à capacidade de transformação
mergulha em novas paisagens, em emergentes experiências, às
vezes, amargos remédios de indispensáveis e doces lições,
porque a alma carrega no íntimo a necessidade de mudanças
caminhando em direção ao Pai de infinita bondade.
Esclarece a Doutrina Espírita, que essa insatisfação
é objeto do anseio da alma incompleta, que procura nas experiências
das vidas sucessivas, a elaboração do seu ditoso caminho,
em marcha incessante para a perfeição. Objetivo único
da vida.
Jesus alerta os corações da sua época, ensinando
que a promessa de vida eterna, não se realiza sem renovação
e sem mudança moral e que essa promessa não é restrita
a um povo. “Ide e pregai o Evangelho a todas as criaturas”.
Essa incessante necessidade de renovação,
a Doutrina Espírita evidencia através das próprias
palavras de Jesus, que durante sua passagem, nos convidou a abandonar
velhos costumes, posturas arcaicas e modelos severos de culto exterior.
Lembrou Ele, que a felicidade sonhada está na perfeição
e esta perfeição não se contém numa existência
única. “É necessário nascer de novo”,
dizia o Mestre. “Em verdade, em verdade vos digo que se o homem
não nascer da água e do Espírito, não pode
entrar no Reino de Deus.” (da água – símbolo
da natureza material e do Espírito – símbolo da
natureza Espiritual). Jesus fez clara distinção entre
essas duas naturezas: “O que é nascido da carne é
carne e o que é nascido do espírito é Espírito”
(João 3: 1 a 12).
Ainda, quando os Apóstolos indagam ao Mestre: “porque dizem,
pois os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?”,
Jesus responde: “De fato, Elias virá e restaurará
todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio
e eles não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto
quiseram. Assim também o filho do homem há de padecer
nas mãos deles Os discípulos entenderam, então,
que lhes falara a respeito de João Batista” - (Mateus 17:
9 a 13).
Ora, conforme se sabe, João Batista nascera pelos caminhos
naturais. Como poderia ser ele Elias, sem, com isso, se afirmar a reencarnação?
O recipiente humano não pode conter a Onisciência, em uma
única existência corpórea, e a alma, filha de Deus
que é, não pode ser descartada dessa graça pelas
suas simples e momentâneas imperfeições, assim como,
ao recém-nascido, não se pode imputar culpas pela ausência
de domínio corporal. “Sede perfeitos, como perfeito é
o vosso Pai, que está no Céu”, dizia Jesus. É
destino da alma alcançar a perfeição, que só
será possível pela constante transformação
através de inúmeras e repetidas experiências corpóreas
Jesus exalta a fé, como fonte inspiradora e propulsora das nossas
realizações e mudanças. “Tens fé,
então levanta e anda”, dizia o Mestre.
Jesus fala de um Pai de Bondade, de Justiça e Misericórdia,
que o enviara para que nenhum dos seus filhos se perdessem, mas que
tivessem vida eterna.
Jesus incute o amor ao próximo, a esperança
aos aflitos e enleva as multidões nas necessidades do aprimoramento
indispensável para a renovação. “Ninguém
pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo”, equivale
dizer: Ninguém alcançará a perfeição,
se não nascer de novo... Esta vida, transitória que é,
fugaz e quimérica como diz o Apóstolo Tiago, se única,
não pode ser base para a sentença do nosso destino eterno.
A reencarnação é o único instrumento capaz
de permitir que a alma, iniciada na imperfeição, simples
e ignorante, transitando pelos caminhos das vidas sucessivas, ascenda,
pelo seu próprio mérito, às Luzes da Consciência
Plena, quando, então poderá ser capaz de escolher, ser
recompensada ou punida pelas suas escolhas. A reencarnação
é ferramenta elementar, que abriga destemidas e bravas criaturas,
que na sede de mudança moral se submetem à elaboração
de experiências corpóreas para o engrandecimento da alma
imortal. Bendita seja.