O European Values Survey explora diferenças e semelhanças
nacionais, também concernentes a crenças religiosas
que expressam suposições populares a respeito da natureza
do homem e do estado ontológico da consciência. Estes
pareceres diferem radicalmente da visão científica dominante,
também em psicologia acadêmica. Os países Nórdicos
variam consideravelmente em suas crenças sobre a vida depois
da morte e sobre a reencarnação, com metade dos respondentes
acreditando na vida depois de morte, e 43 por cento destes acreditando
na reencarnação, o que também vai contra os pareceres
estabelecidos pela Igreja cristã. Isto mostra a independência
de autoridades científicas assim como de religiosas. Será
um resíduo de crenças pré-cristãs, devida
à exposição aos conceitos budistas e hinduístas,
ou um sinal de pensamento independente? Meio século de regimes
anti-religiosos na Europa Oriental não parece ter tido nenhum
efeito importante nas crenças sobre a sobrevivência pessoal,
e o European Values Survey mostra uma crença comum em reencarnação.
[1]
Para obter um entendimento da função
psicossocial da reencarnação entre os Drusos, entrevistas
foram conduzidas com nove sujeitos masculinos que tinham experimentado
a reencarnação (Notq) e com um ou dois membros de sua
família. A análise destas entrevistas revelou que o
princípio de Notq tipicamente ocorre em entre dois e cinco
anos de idade. Cinco dos sujeitos tinham exibido angústia psicológica
em sua infância a qual foi aliviada depois do Notq. Uma vez
que a criança exibia indicações iniciais de reencarnação,
tal como mencionar nomes que a família interpreta como de uma
vida passada, a família toma um papel ativo em construir a
história de vida passada e combinando-a a uma história
real conhecida envolvendo uma morte trágica. Esta combinação
cria uma nova ordem na vida da criança, da família e
da família de vida prévia. Todos se se beneficiam desta
nova ordem: a criança recebe nova atenção especial
e amor e torna-se capaz de controlar e de manipular os pais; os pais
são aliviados porque vêem a criança feliz, beneficiada
pela atenção social e afeto que recebe; e o lamentar
da família afligida da vida passada é aliviado pela
confirmação de que a alma de seu filho perdido ainda
vive. [2]
Em 1933 uma bem educada garota húngara de 16
anos, Íris Farczády, que tinha se aventurado extensamente
na mediunidade, repentinamente sofreu uma mudança drástica
de personalidade, reivindicando ser Lucia renascida, uma trabalhadora
espanhola de 41 anos, dizendo por ela ter morrido naquele ano. Transformada
em "Lucia", Íris falou depois em espanhol fluente,
uma linguagem que ela aparentemente nunca tinha aprendido, nem tido
a oportunidade de adquirir e não podia entender qualquer outro
idioma. A Lucia permaneceu em controle desde então e, agora
com 86, ela ainda considera que Íris foi uma pessoa diferente,
que deixou de existir em 1933. Os três autores deste artigo
encontraram Lucia em 1998 e uma gravação de entrevistas
foi feita, sob auspícios da SPR. Tentativas foram feitas para
localizar a reinvidicada família espanhola de Lucia, mas estas
não foram bem-sucedidas. Enquanto o aspecto da reencarnação
do caso não foi apoiado, aí permanece o quebra-cabeça
de como Íris adquiriu seu conhecimento da linguagem espanhola,
costumes e cultura popular, e por que Íris deve ter permitido
ou se submetido a sua "substituição" por Lucia.
[3]
Os casos mais impressionantes de crianças que
reivindicam lembrar de uma vida passada estão sendo publicados
com maior freqüência que os casos mais razoáveis,
dando uma impressão distorcida dos fenômenos para os
leitores. Trinta crianças que falam sobre uma vida prévia
em resumo foram entrevistadas para um estudo psicológico no
Líbano. Três crianças casualmente foram selecionadas
para uma completa investigação de um total de 29 destas
crianças (o caso de uma criança já tinha sido
investigado). Num caso uma pessoa morta foi identificada cujas circunstâncias
de vida assemelharam-se às declarações da criança.
Em outro caso nenhuma pessoa adequadamente combinando com as declarações
da criança foi achada, conseqüentemente verificar a correção
de suas declarações foi impossível devido a razões
práticas. No terceiro caso, a família da criança
foi relacionada à suposta personalidade prévia, a qual
podia ter dado a criança e a seus pais ampla oportunidade para
aprender por meio normal sobre a personalidade prévia. Além
do suposto aspecto da memória, alguns casos exibem perplexos
fatores psico-fisiológicos e características comportamentais.
[4]
As crianças que reivindicam lembrar-se de fragmentos
de uma vida passada são achadas em alguns países. Várias
explicações foram propostas quanto ao porque as supostas
memórias se desenvolvem, variando de reencarnação
à "recurso terapêutico". Este estudo põe
à prova o papel de algumas características psicológicas
e as circunstâncias em que as crianças vivem, tal como
fantasia, sugestionabilidade, isolamento social, dissociação
e procura de atenção. Para trinta crianças no
Líbano que persistentemente tinha falado de memórias
de vida passada, e para 30 crianças de comparação,
foram administradas provas relevantes e questionários. O grupo
alvo obteve contagens mais altas para devanear, busca por atenção
e dissociação, mas não para isolamento social
e sugestionabilidade. O nível de dissociação
era muito abaixo em comparação a casos de múltipla
personalidade, e assim clinicamente não relevante. Havia alguma
evidência de sintomas similares a stress pós-traumáticos.
80% das crianças falaram sobre memórias de vidas passadas
com circunstâncias de uma morte violenta (principalmente acidentes,
baixas de guerra e assassinatos). [5]
As crianças que falam de memórias de
uma vida prévia podem explicar marcas de nascimentos como relacionadas
às feridas infligidas sobre elas na vida anterior. Este artigo
informa o caso de uma menina de nove anos no Sri-Lanka que alegou
ter sido fabricante de incenso e morrido num acidente de trânsito.
Depois que a situação fora narrada, um fabricante de
incenso foi identificado cuja vida correspondida a muitas das declarações
daquela criança. Ele tinha morrido num acidente de trânsito
dois anos antes do nascimento dela; e o relatório posterior
à morte revelou que as feridas que ele sofrera foram na mesma
área das marcas de nascimentos dela.
[6]
Examinaram-se crianças no Sri Lanka que reivindicaram
memórias de uma vida prévia. A personalidade e medidas
psicológicas foram administradas a 27 pares de crianças
entre 5,4-10,2 anos dentre as que alegaram e as que não reivindicaram
memórias de vidas prévias. Os questionários sobre
comportamento, desenvolvimento e ambiente familiar foram administrados
aos pais delas. Os resultados mostram que crianças que alegam
memórias de vida passada se saíam melhor na escola que
seus pares e que não eram mais sugestionáveis que estes.
A Child Behavior Checklist revelou que as crianças com memórias
de vida prévia exibiram mais problemas comportamentais, incluindo
características oposicionais, obsessão e características
de perfeccionismo. A Child Dissociation Checklist mostrou que estas
crianças têm tendências de dissociação,
como mudanças rápidas na personalidade e freqüentes
devaneios. A estrutura do ambiente familiar delas não diferiu
mensuravelmente daquela das crianças que não alegam
memórias de uma vida prévia. A influência da crença
na reencarnação e a educação religiosa
é discutida, à medida que crianças falando de
uma vida prévia foram achadas principalmente entre famílias
budistas. [7]
Foi realizado um relatório de caso descrevendo
um indivíduo burmês com uma marca de nascimento rara
e defeitos de nascimento pensados por pessoas locais serem ligados
a acontecimentos acerca da morte do primeiro marido da mãe
dele. A natureza do elo é explorada, incluindo a suposição
de que uma ligação poderia ter levado a acontecimentos
subseqüentes. [8]
Foram documentados três casos clínicos
de gêmeos monozigóticos que se lembraram de uma vida
prévia. No Caso 1, Vinod lembrou-se da vida de um pastor, e
Pramod lembrou-se da vida de um pescador; ambos percebidos como sendo
amigos. No Caso 2, ambos os gêmeos Narender e Surender Babu
reivindicaram ter vivido numa aldeia vizinha numa vida prévia,
como irmãos. No Caso 3, Indika e Kakshappa não reivindicaram
nenhum relacionamento em vida prévia. Os resultados sugerem
que a teoria da reencarnação ajuda a explica diferenças
e semelhanças em gêmeos que não podem ser explicados
por fatores ambientais e genéticos. [9]
No seguinte caso, um rapaz do Sri Lanka que fez várias
declarações concernentes a uma vida prévia, entre
elas, onde ele havia vivido e como foi morto quando viajou num caminhão
por uma floresta. O rapaz associou duas marcas de nascimentos com
suas memórias reivindicadas. Suas declarações
foram registradas e publicadas, e depois uma pessoa foi achada na
região cujas circunstâncias tinham correspondido às
declarações do rapaz. As marcas de nascimentos corresponderam
à situação de feridas da pessoa mais tarde identificada
como a personalidade prévia. [10]
Outros relatos interessantes foram obtidos em três
casos clínicos de crianças no Sri Lanka reivindicando
terem sido monges em vidas anteriores. O processo de verificação
das declarações feito por Duminda Bandara Ratnayake
(b. 1984), começado aos três anos de idade e confirmado
por membros da família, mostrou grande semelhança aos
dados biográficos de Gunnepana Saranankara (d. 1929), um monge
inciciante do Mosteiro Asgiriya que possuía um carro vermelho.
Um 2º caso é de Sandika Tharanga (b. 1979), uma criança
de pais católicos que exibia muitos comportamentos de monges.
Gamage Ruvan Tharanga Perera (b. 1987) cantou estrofes em Pali em
tenra idade; suas memórias suportam semelhanças próximas
à vida de Ganihigama Pannasekhara. [11]
Tentou-se aplicar a hipótese socio-psicológica
(SPH) ao fenômeno da recordação de experiências
de vida passada, chamado de "casos do tipo reencarnação"
(CORT). O SPH supõe que uma criança que parece falar
sobre uma vida prévia será encorajada a dizer mais.
Isto orienta os pais a acharem outra família cujos membros
venham a acreditar que a criança tem falado sobre um parente
morto destes. As duas famílias trocam informação
detalhadas, e elas acabam por creditar ao sujeito como ele tendo mais
conhecimento sobre a pessoa morta do que realmente existiu. Doravante,
baseado no SPH, esperar-se-ia que uma porcentagem mais baixa de declarações
corretas, nos casos em que as declarações foram registradas
antes das famílias serem encontradas (B) do que nos casos em
que as declarações foram registradas depois das serem
famílias encontradas (A). Todos os casos completamente investigados
da Índia e do Sri Lanka, onde o número de declarações
corretas e incorretas foi contado e registrado, foram usados. Isto
forneceu um total de 21 casos de B e 82 casos de A. Contrariamente
à expectativa, os casos B e A deram, aproximadamente, porcentagens
iguais de declarações corretas e o número total
médio de declarações foi mais baixo para os casos
A. Assim, o SPH por si só parece incapaz de explicar CORT.
[12]
Existem relatos de casos para três crianças
na Índia que reivindicaram se lembrar de vidas passadas que
envolviam mudanças de religião, do Hindu ao Muçulmano
ou do Muçulmano ao Hindu. As crianças eram um indivíduo
masculino e um feminino, ambos Muçulmanos, que se lembraram
terem sido Hindus em vidas prévias e um masculino Hindu que
se lembrou ter sido Muçulmano. Várias hipóteses
normais e paranormais são consideradas para explicar os comportamentos
das crianças, mas o autor conclui que a reencarnação
parece ser a mais capaz para explicar todas as características.
[13]
Referências:
[1] Haraldsson, Erilendur. Popular psychology,
belief in life after death and reincarnation in the Nordic countries,
Western and Eastern Europe. Nordic Psychology. 2006, Jul, Vol 58(2),
171-180.
[2] Dwairy, Marwan. The psychosocial function of reincarnation
among Druze in Israel. Culture, Medicine and Psychiatry. 2006, Mar,
Vol 30(1), 29-53.
[3] Barrington, Mary Rose; Mulacz, Peter; Rivas, Titus.
The Case of Iris Farczády--A Stolen Life. Journal of the Society
for Psychical Research. 2005, Apr, Vol 69(2), 49-77.
[4] Haraldsson, Erlendur; Abu-Izzeddin, Majd. Three
Randomly Selected Lebanese Cases of Children Who Claim Memories of a
Previous Life. Journal of the Society for Psychical Research. 2004,
Apr, Vol 68(875)[2], 65-84.
[5] Haraldsson, Erlendur. Children who speak of past-life
experiences: Is there a psychological explanation? Psychology and Psychotherapy:
Theory, Research and Practice. 2003, Mar, Vol 76(1), 55-67.
[6] Haraldsson, Erlendur. Birthmarks and claims of
previous-life memories: I. The case of Purnima Ekanayake. Journal of
the Society for Psychical Research. 2000, Jan, Vol 64(858), 16-25.
[7] Haraldsson, Erlendur; Fowler, Patrick C.; Periyannanpillai,
Vimala. Psychological characteristics of children who speak of a previous
life: A further field study in Sri Lanka. Transcultural Psychiatry.
2000, Dec, Vol 37(4), 525-544.
[8] Keil, H. H. Jürgen; Tucker, Jim B. An unusual
birthmark case thought to be linked to a person who had previously died.
Psychological Reports. 2000, Dec, Vol 87(3, Pt 2), 1067-1074.
[9] Pasricha, Satwant K. Twins who claimed to remember
previous lives. NIMHANS Journal. 2000, Jan-Apr, Vol 18(1-2), 39-51.
[10] Haraldsson, Erlendur. Birthmarks and claims of
previous-life memories: II. The case of Chatura Karunaratne. Journal
of the Society for Psychical Research. 2000, Apr, Vol 64(859), 82-92.
[11] Haraldsson, Erlendur; Samararatne, Godwin. Children
who speak of memories of a previous life as a Buddhist monk: Three new
cases. Journal of the Society for Psychical Research. 1999, Oct, Vol
63(857), 268-291.
[12] Schouten, Sybo A.; Stevenson, Ian. Does the socio-psychological
hypothesis explain cases of the reincarnation type? Journal of Nervous
and Mental Disease. 1998, Aug, Vol 186(8), 504-506.
[13] Pasricha, Satwant K. Children who claimed to remember
previous lives with major change in religion. NIMHANS Journal. 1998,
Apr, Vol 16(2), 93-100.
Comentários:
O presente artigo mostra uma coletânea de artigos
recentes discutindo a reencarnação. É importante
notar que em apenas um deles Ian Stevenson foi autor, reforçando
a importância da replicação dos achados. Desde 1960,
quando houve a primeira publicação de Stevenson, houve
muitos achados e discussões acerca do assunto. Mas, acima de
tudo, é fundamental perceber que os casos foram se multiplicando
mundo afora e hipóteses reducionistas não foram (pelo
menos até o momento) satisfatórias para explicar o fenômeno.
Fonte: Texto original - http://jeff.gaia.com/blog/2008/8/scientific_studies_of_reincarnation
Texto traduzido - http://parapsi.blogspot.com/2008/08/recentes-estudos-sobre-reencarnao.html
Jeffrey Mishlove é psicólogo clínico,
parapsicólogo e um talentoso entrevistador de rádio e
televisão. Foi apresentador da série de televisão
pública Thinking Allowed (1986-2002) – e atualmente
como apresentador do canal do YouTube New Thinking Allowed
– ele entrevistou centenas de especialistas proeminentes em tópicos
relacionados à pesquisa científica, consciência
e espiritualidade.
> https://psi-encyclopedia.spr.ac.uk/articles/jeffrey-mishlove
- Ele é o autor de um volume enciclopédico
de estudos da consciência, The
Roots of Consciousness.
Mishlove é ex-presidente da Intuition Network, uma organização
dedicada a promover a intuição nos outros. Ele também
foi vice-presidente da Association for Humanistic Psychology
e recebeu o Pathfinder Award dessa associação por contribuições
ao estudo da consciência humana.
Jeffrey possui o único diploma de doutorado em parapsicologia
concedido por uma universidade americana credenciada (Universidade da
Califórnia, Berkeley). Uma revisão de sua tese de doutorado,
Psi Development Systems, foi lançada em 1988. Este livro
avalia métodos destinados a treinar habilidades psíquicas.
Seu livro mais recente, The PK Man, apresenta um estudo de
caso de habilidades psicocinéticas incomuns.
Mishlove atualmente ensina parapsicologia, bem como
um curso sobre William James no Holmes Institute, que oferece um mestrado
credenciado em aprendizagem à distância.
Foi o vencedor da competição: Bigelow
Institute for Consciousness Studies (BICS) competition: What is
the best available evidence for the Survival of Human Consciousness
after Permanent Bodily Death? -
https://www.bigelowinstitute.org/contest_winners3.php
topo