Saber se
expressar e cultivar as boas relações sociais é
a chave para sua ascensão profissional, garante o pensador
Karl Albrecht.
Pouca gente sabe, mas a arte de se relacionar bem com
as pessoas é um dos principais fatores de sucesso na vida, sobretudo
no mundo corporativo. Pois é, de nada adianta você ser
um profissional competente se não souber atuar em equipe e criar
harmonia no ambiente de trabalho. Quem garante isso é Karl Albrecht,
um dos mais importantes pensadores e futuristas na área de Administração
Estratégica, com enfoque em liderança. Em seu livro Inteligência
Social, a Nova Receita do Sucesso, lançado no mês passado
pela editora M.Books, ele define Inteligência Social como a habilidade
de se relacionar com as outras pessoas e conquistar sua cooperação.
As dificuldades de convivência com os colegas
são responsáveis por dois terços das demissões
nas empresas, de acordo com um estudo da Harward. Isso explica por que
pessoas altamente profissionais e competentes na função
acabam sendo demitidas e outras - nem tão competentes assim -
permanecem, conseguindo promoções e melhores oportunidades
de carreira. Logo, podemos concluir que competência técnica
não é tudo, e que aqueles que não têm uma
boa aptidão para criar relacionamentos acabam tendo menores chances
de sucesso.
É aí que entra a Inteligência Social,
uma combinação entre sensibilidade, necessidades e interesses
alheios, sendo chamada por vezes de radar social: uma atitude de generosidade
e consideração, além de um jogo de habilidade prática
para ter êxito ao interagir com as pessoas em quaisquer circunstâncias.
No consultório da psicóloga e consultora
de carreira, Rosângela Casseano, o fator interação
humana é a grande pedra no sapato da maior parte dos executivos
que a procura. "Eles chegam ansiosos por uma fórmula que
promova, definitivamente, seus potenciais de estabelecer bons contatos,
bem como manter relações saudáveis".
Especialistas garantem que a falta do saber lidar com
o outro é fruto dos tempos modernos. "A alta competitividade,
o aumento das exigências, a disseminação da informação
e a própria revolução tecnológica, requerem
do indivíduo uma postura mais voltada para si próprio,
na qual ele tem que se especializar e se capacitar para conquistar e
garantir o seu espaço. Resultado: preocupado com a sua evolução,
ele se esquece de exercitar as características vitais do ser
humano, que é o sentir, observar, enxergar o outro e se colocar
no lugar dele. A partir disso, se depara com a própria inabilidade
social", explica a psicólogaValéria Meirelles.
Pois bem, com base nos conceitos de Karl Albrecht e
na experiência de profissionais da área corporativa, listamos
8 dicas básicas para que você tenha sucesso nas relações
sociais. Pratique-as e sinta a diferença!
COLOQUE-SE NO LUGAR DO OUTRO
Em todos os sentidos. Respeite os outros, não
fazendo com eles o que não quer que façam com você.
Isso é empatia, a difícil
arte de se colocar no lugar do interlocutor. Aqueles que desenvolvem
esse potencial - a capacidade de ver, pensar e sentir como o outro -
sabe quando falar e quando calar, qual argumento é melhor, como
expor uma idéia. O crescimento da empatia é a própria
raiz do sucesso nas comunicações e nas interações
da vida em geral.
Para desenvolvê-la, antes de mais nada, é
preciso sair da própria casca, olhar profundamente para os outros,
perguntar. É fundamental também que experimente o novo,
que faça o que os demais fazem para, assim, ter a mesma perspectiva
que eles têm. Por fim, é essencial expandir a sensibilidade,
submetendo-se a experiências de sensibilização:
ver uma peça de teatro, ouvir música, ler um romance.
"A empatia requer humildade, pois temos que sair do próprio
lugar e fazer este exercício de ir para o outro. É saber
que existem outros indivíduos além de nós. E por
mais que a gente saiba, sempre vai ter alguém apresentando algo
novo", explica a psicóloga Valéria Meirelles.
EVITE OS JULGAMENTOS
Inevitavelmente somos levados a avaliar as pessoas,
a observar seu comportamento e a identificar semelhanças e diferenças
com relação a nós mesmos. Mais que isso, temos
a tendência de classificar como bom/ruim, certo/errado, aprovo/desaprovo
os comportamentos, traços, idéias alheias.
Aí é que começam os problemas.
Algumas pessoas são exageradamente severas ao julgar os demais.
Com isso, tendem a isolar-se, pois involuntariamente transmitem suas
reações negativas aos interlocutores, construindo barreiras
numa relação que poderia ser mais espontânea, prazerosa
e verdadeira. Se o outro apresenta uma idéia política
diferente, eis um motivo para ser "fritado" ou "gelado";
se tem um ponto de vista que difere do nosso sobre como a empresa deveria
conduzir a questão x ou y, é inimigo. Ora, a que tudo
isso leva? A nada.
Segundo Newton Hernandes, consultor de recursos humanos
e marketing, a sabedoria está em não julgar o semelhante,
não excluí-lo pelo que é ou pensa, não criar
barreiras que de nada melhoram a vida social e a pessoal. Está,
também, em ver em que é igual a nós para, a partir
dessa identidade, criar relações fortes, as quais permitirão
a expressão das diferenças sem a exclusão.
LIBERTE-SE DE PARADIGMAS
Para sociabilizar-se bem é preciso saber se comunicar.
O grau de eficiência em fazê-lo pode, no entanto, variar
amplamente. Um indivíduo, por exemplo, não conseguirá
ter sucesso na comunicação se não for capaz de
compreender o conceito de valor e seu impacto sobre as relações.
Todo e qualquer indivíduo necessita entender
que valores nada mais são que um conjunto de informações,
conhecimentos e normas morais que se acumularam durante a sua vida,
os quais ele detém e crê. Isso não significa que
seja a verdade absoluta. Aquele que não absorver esse conceito,
tende a entrar em permanente confronto com os demais, em variados graus.
E o consultor Hernandes alerta: "Seus valores não
são necessariamente a verdade, mas apenas aquilo que você
acredita. A defesa intransigente dos próprios pontos de vista
afasta, gera animosidades e bloqueia o aprendizado. É essencial
manter uma 'mente de aprendiz', que permitirá a percepção
melhor das outras pessoas e suas razões".
PASSE CREDIBILIDADE
Tal habilidade é uma decorrência natural
de um histórico, da coerência, da firmeza, da segurança
e da previsibilidade que oferecemos aos outros. Sua reputação
cria condições de aceitação e compreensão.
Precisamos, desse modo, zelar para que seja um real patrimônio.
Professor de pós-graduação na área de gestão
do Instituto Nacional de Pós-Graduação (INPG) e
consultor da Manager, José Antonio Rosa, diz que cultivar a credibilidade
é:
1.Ter cuidado na expressão e no comportamento;
2. Atentar para a importância da imagem - pois para os outros
você é aquilo que comunica;
3. Possuir a coragem de expressar suas próprias verdades e harmonizar-se
com elas;
4. Adquirir a plena honestidade - intelectual, sentimental, comportamental
APRENDA A SE EXPRESSAR
Os outros têm de saber o que queremos. Freqüentemente,
esperamos que eles adivinhem. Assim, o chefe não explica ao subordinado
qual é o seu objetivo; a mãe não diz ao filho o
que realmente espera dele; o amigo insinua o que gostaria que o outro
fizesse. Aqui, provavelmente, teremos problemas de comunicação.
É importante expressar com clareza e de modo direto o que desejamos.
Em geral, também não demonstramos nossos
sentimentos. Necessitamos, por isso, desenvolver a coragem e a prática
da expressão plena. Para tanto, é fundamental adquirir
a coragem de ser espontâneo. "Geralmente, as pessoas são
'amarradas' verbal e fisicamente. Soltar essas amarras traz bons frutos",
aconselha o professor José Antônio Rosa.
DESENVOLVA O PODER DA ATRATIVIDADE
Há pessoas que não conseguem atrair outros.
Têm nelas algo que cria barreiras, que afasta ou que impede a
aproximação. O que muita gente não sabe, no entanto,
é que é possível administrar os comportamentos
que geram antipatia e simpatia. A arrogância, todas as formas
de agressividade, o pessimismo, a frieza e a má educação,
com certeza vão causar um afastamento. A espontaneidade, a elegância
no comportamento, a cooperação, bem como colocar emoção
em tudo o que se faz tem o poder de criar atração.
RESPEITE OUTRAS CULTURAS
A informação é e sempre será
uma grande aliada para quem vislumbra o sucesso nas relações
do mundo corporativo. Se você acaba de integrar o staff de uma
empresa, procure se informar sobre os seus valores culturais. Seja ela
de origem japonesa, coreana ou norte-americana, cada uma tem os seus
respectivos tipos de comportamento. "Informar-se, portanto, demonstra
conhecimento e ajuda a evitar gafes desagradáveis", destaca
a psicóloga Rosângela Casseano.
CULTIVE O BEM
Por fim, boa comunicação é, antes
de mais nada, compromisso com os outros. Ela não pode se transformar
em exercício de manipulação e controle, sob o risco
de por as relações a perder.
O verdadeiro compromisso, diz José Antônio
Rosa, tem de estar atrelado ao bem, ao interesse de todos, à
promoção do que é melhor. Ele pode ser expresso
em 3 'Bs':
1. Boa intenção: querer o bem, o certo,
o melhor para todos;
2. Boa vontade: ter a paciência que os relacionamentos
exigem, fazer o esforço necessário para entender e aceitar
os outros, aprimorar as relações constantemente;
3. Boa educação: manter a elegância
e a diplomacia em qualquer situação, pois isso é
a base do entendimento.
Fonte: Revista Vida Executiva (setembro/2006)
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