É fato comum, infelizmente,
encontrarmos no pensamento e nas atitudes de dirigentes espíritas
a erva daninha do personalismo, quando vale mais a palavra de ordem
de quem dirige, do que a palavra da doutrina espírita. Muitos
fatores contribuem para o crescimento e alojamento do personalismo.
Entre as causas, a primeira, sem dúvida, é o egoísmo
ainda inerente ao ser humano. O egoísmo pode mesmo cegar uma
pessoa que, apesar de receber severas críticas por sua conduta,
tudo leva à conta da inveja dos outros, quando na verdade está
sendo alertada para uma mudança de atitude. Conhecemos uma pessoa,
espírita convicta, que, em não levando em consideração
as advertências dos amigos, recebeu espontaneamente mensagem dos
espíritos com a mesma advertência, contudo, interpretou
a palavra espiritual de forma totalmente equivocada, caminhando desde
então para perigoso processo de fascinação.
Os personalistas são facilmente excitáveis, pois o egoísmo
anda de mãos dadas com o orgulho, assim os maus espíritos
dedicam-se a incentivar o ego da pessoa, com sugestões sutis
e elogios disfarçados, com conseqüências devastadoras
para todos aqueles que convivem e dependem dessa pessoa.
Cego às advertências, o personalista centraliza o poder,
o comando, em torno de si, fazendo sempre prevalecer a sua opinião,
o seu modo de ver as coisas, a sua interpretação, o seu
jeito de realizar. Pode até trabalhar com um bom grupo de pessoas,
mas todos ficam sabendo que, no fim, será como o dirigente personalista
quer. É por esse motivo que muitos centros espíritas padecem
o mal da teia de aranha: ficam enredados em sistemas e práticas
absolutas, repetidas à exaustão ao longo de vasto tempo,
sem mudanças, sem renovação, sem questionamentos.
Outra causa do personalismo é a ignorância doutrinária,
a falta de estudo contínuo e profundo dos princípios espíritas,
antídoto natural que se fosse utilizado, minimizaria, ou mesmo
terminaria, com o personalismo.
Aquele que constantemente procura o esclarecimento, seja pela leitura
dos livros, ouvindo palestras, participando de seminários e outros
eventos doutrinários, dificilmente se deixa apanhar pelo comodismo,
pelas idéias pré-concebidas, pelo chamado "achismo".
Combaterá em si mesmo essa chaga e encontrará nos grupos
de estudo do Espiritismo uma base firme para sua renovação
intelectual e moral.
O Espiritismo representa o fim do materialismo e, portanto, do egoísmo
e do orgulho, se bem compreendido e bem praticado. Allan Kardec assim
definiu a doutrina.
Podemos ainda apontar uma terceira causa do personalismo: a formação
cultural do dirigente. Se ele não recebeu os devidos estímulos
para o estudo e as idéias arejadas, progressivas, pelo contrário,
cresceu num ambiente sufocado pela ignorância, pela crendice,
pelo pouco estudo, poderá tender, mas não é regra
geral, a fechar-se em si mesmo, tornando-se impermeável à
própria doutrina que agora abraça.
Podemos considerar, e a prática assim demonstra o acerto do nosso
pensamento, que é mais fácil discursar a doutrina para
os outros do que aplicá-la a nós mesmos. Contudo, isso
não serve de desculpa para as atitudes personalistas ou outras,
pois é dever do espírita fazer todos os esforços
para seu progresso moral e intelectual.
Resta uma consideração, quanto ao que fazer diante de
um dirigente personalista, centralizador das idéias e dos trabalhos.
Recomendamos a prece, solicitando aos bons espíritos o auxiliem
e inspirem, para que possa reconhecer o erro em que caiu, ao mesmo tempo
em que devemos exercer, de nossa parte, a calma, a paciência,
procurando sempre o diálogo construtivo e as indicações
doutrinárias que possam esclarecer. Ofertar a esse dirigente
todas as oportunidades de participação nos eventos doutrinários,
e soprar-lhe boas idéias, pois o personalista, inflado pelo orgulho,
as tomará como de si próprio, acabando por realizar aquilo
que será bom para todos, mesmo sem o querer.
O personalismo é pedra de tropeço para a solidariedade,
a fraternidade, a cooperação, a afetividade, motivos pelos
quais precisamos ficar atentos, como fica o bom jardineiro, podando,
primeiro em nós, os menores sinais do seu aparecimento, para
que a doutrina espírita, que é libertadora de consciências,
possa aflorar e perfumar o jardim das mentes e corações
de todos aqueles que se dispõem a caminhar como tarefeiros da
causa e da casa espíritas.
Fonte: http://br.geocities.com/luz_espirita/O_Personalismo.doc
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