Todo Centro Espírita, por
força da legislação, é uma pessoa jurídica,
ou associação religiosa sem fins lucrativos, tendo que
eleger periodicamente, conforme disposto em seu estatuto, os diretores,
ou seja, aqueles trabalhadores que se tornam dirigentes administrativos
e respondem juridicamente pela instituição.
Historicamente os Centros Espíritas
utilizam, em sua maioria, a organização presidencialista,
destacando a figura do presidente. Os demais diretores exercem os cargos/funções
de vice-presidente, secretário, tesoureiro e outros. Nesta formação,
os departamentos, tais como infância e juventude, serviço
assistencial, orientação doutrinária e outros,
não participam diretamente das discussões e decisões,
ocasionando graves prejuízos ao processo administrativo-doutrinário
do Centro Espírita.
São conhecidos os problemas:
centralização do poder no presidente; disputas políticas
por cargos; decisões arbitrárias sem a participação
direta dos interessados. Não é regra geral, mas esses
problemas estão sempre em evidência quando se debate a
realidade do Centro Espírita.
Para melhorar esse quadro e minimizar
os problemas, está crescendo no movimento espírita a proposta
de uma nova organização administrativa e doutrinária:
o Colegiado. Os diretores continuariam existindo, mas sem nomenclaturas
diferenciadas, e a figura do presidente é substituída
pela escolha de um Coordenador Geral, pelo período de um ano,
substituído automaticamente em cada início do calendário
anual. Exemplo: digamos que a diretoria tem mandato de três anos,
teremos então, nesse período, três coordenadores
gerais, escolhidos entre os próprios diretores. Para efeito jurídico,
o coordenador geral é o que representa legalmente o Centro Espírita.
Mas o Colegiado não é
somente isso, e se o fosse já seria uma maneira bem diferente
e salutar de gerenciar. É, na verdade, a reunião de companheiros
e companheiras para uma finalidade comum, com igualdade de direitos,
funcionando como um grande conselho administrativo, onde todos podem
opinar e as decisões são estabelecidas por consenso da
maioria. Assim, o co-ordenador geral iguala-se ao diretor da área
de cursos doutrinários, por exemplo.
O sistema do Colegiado é salutar,
mas para seu bom funcionamento não basta alterar o estatuto.
É, antes, necessário trabalhar a mentalidade do trabalhador
espírita, aplicar-se o movimento espírita em fornecer
capacitação para o mesmo, sob pena de termos um bonito
ideal no papel, mas com sua prática eivada de vícios trazidos
do sistema anterior de administração.
Aquele que se torna diretor do Centro
Espírita deve ter em mente que está sendo escolhido sim
pelas suas capacidades, mas que isso não significa que passa
a ser dotado de poderes ilimitados, mas apenas que foi considerado mais
apto a colaborar para o bom funcionamento das atividades ofertadas pela
instituição no campo do bem e do amor ao próximo.
Se assim não considerar, a erva daninha do personalismo sufocará
qualquer boa intenção.
Para o bem do Colegiado precisamos saber
ouvir as diversas opiniões, ponderar com bom senso, estudar sempre
a doutrina, trabalhar incessantemente e lembrar todos os dias que grupo
coeso, harmonizado, é muito melhor que individualidades isoladas.
Na verdade, todo sistema gerencial é
bom quando utiliza as ferramentas que acima comentamos. A questão
não é tanto de forma, mas de fundo. Contudo, somos de
opinião que o Colegiado é válido e muito importante,
sendo um dos caminhos para que o Centro Espírita melhor se adeque
às suas finalidades.
Lembramos ainda, por oportuno, que todos
nós somos trabalhadores da seara do Cristo, e o que deve nos
impulsionar na tarefa dentro do Centro Espírita, seja qual for
a tarefa que nos compete, é o amor ao próximo e, neste
caso, o próximo é aquele que está conosco no exercício
de responsabilidades administrativas e doutrinárias, ou seja,
os outros trabalhadores que igualmente se dispuseram a trabalhar, como
nós estamos trabalhando.
topo
Leiam de Marcus Alberto De Mario
>
Bases da Educação para o Homem do Século 21
>
Colegiado no Centro Espírita
>
A Educação em “O Livro dos Espíritos”
>
A Filosofia Espírita da Educação
>
Humanização do Centro Espírita
>
Integração do Centro Espírita na Sociedade
>
O Personalismo
topo