* Fátima Regina Machado
Diretora-Executiva do Centro de Estudos Peirceanos,
Membro do Inter Psi
Grupo de Estudos de Semiótica, Interconectividade e Consciência,
do CEPE, COS, PUC-SP.
** Wellington Zangari
Diretor
Inter Psi
Grupo de Semiótica, Interconectividade e Consciência,
Centro de Estudos Peirceanos,
Programa de Estudos Pós-Graduados em Comunicação
e Semiótica,
PUC-SP
1 - Apresentação
Este artigo tem a intenção de apresentar,
para os colegas brasileiros, uma breve revisão de algumas das
principais pesquisas realizadas sobre a percepção extra-sensorial
(ESP), tanto de casos espontâneos quanto experimentais.
Nosso objetivo último ao escrevê-lo foi o de oferecer informações
que pudessem atualizá-los de maneira rápida e no nosso
idioma. Temos visto que existe um grande interesse dos pesquisadores
brasileiros em conhecer o que tem sido feito em Parapsicologia pelos
colegas estrangeiros. Mas, alguns dificuldades se interpõem contra
tal atualização.
A primeira grande barreira, a idiomática, tem sido a principal.
A língua oficial em ciência é a inglesa. Aqueles(as)
que não podem ler nesta língua têm dificuldades
em manterem-se atualizados, o que só se faz, efetivamente, por
meio de contato com pessoas que lêem inglês ou que são
estrangeiras. Esta forma de receber conhecimentos não é
prática posto que sempre existe a dependência de um outro.
Isto não permite que o(a) pesquisador(a) possam estudar o que
precisam ou querem, no momento em que precisam ou querem. Além
disso, sempre há o perigo da "tradução como
traição". Temos visto equívocos surpreendentes
de tradução, tanto de textos quanto de conferências
que acabaram por gerar idéias que em nada correspondem ao texto
ou ao pensamento do conferencista estrangeiro. O segundo problema que
nos parece que dificulta a atualização é mais grave:
o ideológico. Há pesquisadores que simplesmente se negam
a se manterem atualizados pois consideram que tudo já está
esclarecido, que não precisamos de mais pesquisas, bastam novas
teorias. Tais idéias, como poderia se esperar, não são
proferidas apenas àqueles(as) que fazem da Parapsicologia um
instrumento de conversão e sustentação de crenças
religiosas. Ouvimos esta idéia de parapsicólogos de certo
prestígio nacional, alguns que, curiosamente, até lêem
e podem se comunicar em inglês. Alguns deles afirmam que precisamos
de uma Parapsicologia eminentemente nacional, como se ela fosse americana,
inglesa, francesa ou holandesa. Esta xenofobia guarda uma posição
pseudo-nacionalista e esconde certa arrogância e auto-suficiência
patológica. A ciência é um bem social e universal.
Um cientista deveria vibrar ao conhecer uma nova pesquisa. Deveria lutar
para obter novos trabalhos. Não porque seja obrigado a fazer
isso, mas porque, idealmente, ele(a) é um apaixonado pela sua
área e tudo que diga respeito a ela estará em constante
busca. Ciência não é sinônimo de estagnação.
Os textos produzidos pelos colegas brasileiros, quando não presos
a tais ideias xenófobas e auto-suficientes, exalam criatividade
e boa fundamentação científica. Mas, muitas vezes,
carecem de atualização. As citações restringem-se
aos textos dos Rhine, de Richet, de Amadou, entre outros parapsicólogos
que, apesar da relevância científica, não são
os únicos e, em muitas áreas, certamente já não
são os melhores.
Não há culpados. Não é lícito pensar
que existam responsáveis dessa situação. Todos
nós, brasileiros, fizemos nossas primeiras leituras com o material
que dispúnhamos em português. Cada um de nós "elegeu"
seus "preferidos" e de suas idéias criamos novas. Muitos
de nós publicamos artigos e livros inspirados por tais autores.
Nossos grupos foram constituídos tendo tais idéias como
fundamento teórico. Se levarmos em conta que há pouquíssimo
material sobre Parapsicologia em português e se tivermos uma compreensão
ampla de quê material é este, poderemos compreender como
chegamos ao final dos anos 90 com idéias da década de
60 e quase sem conhecimento algum do que se passou em Parapsicologia
nos últimos 30 anos. Em português temos os livros do Pe.Quevedo,
os livros dos Rhine e os livros dos pesquisadores psíquicos.
Além disso, muito pouca coisa foi publicada. Fomos privados de
quase toda a Parapsicologia pós-rhineana, ou seja de todo o desenvolvimento
da Parapsicologia atual. Os livros do Pe. Quevedo trazem informações
de pesquisas realizadas até a década de 60. Seus livros
mais recentes reproduzem e discutem tais pesquisas. Em que pese a forte
inspiração ideológica impressa no material publicado
pelo CLAP, é importante notar que a Revista de Parapsicologia
se constitui no único meio de contato com o que ocorria no mundo
parapsicológico na década de 70. Ainda que para criticar
ou elogiar a posição dos pesquisadores estrangeiros em
função das idéias do Pe. Quevedo, a revista trouxe,
indiretamente, a opinião e as posições dos(as)
parapsicólogos(as) desta década. Com fim da revista, nenhum
material em português permitiu a atualização. Os
livros dos pesquisadores psíquicos, em sua grande maioria, foram,
e são, traduzidos e publicados por editoras espíritas.
As traduções foram tendenciosas e a escolha dos títulos
se deu em função das posições dos autores
em relação ao tema da sobrevivência após
a morte e da possibilidade de comunicação com os mortos.
Apesar de serem livros importantes a nível histórico,
não representam, em sua totalidade, material estritamente científico
posto que a metodologia científica utilizada à época
era falha em muitos aspectos. Os livros dos Rhine, apesar de se constituírem
no melhor material de cunho eminentemente científico, parecem
ter "criado escola". Muitos de nós, lemos os livros
de J.B.Rhine e de L.E.Rhine e nos tornamos rhineanos. Ao nos tornarmos
rhineanos deixamos de ser parapsicólogos(as). Os Rhine foram
importantes porque eram cientistas, não porque eram rhineanos.
Ao nos tornarmos rhineanos: popularizamos as cartas ESP, há muito
não usadas em pesquisas parapsicológicas; sustentamos
que psi é de natureza não-física (ou espiritual),
ideia que está longe de ser adotada pelos parapsicólogos
modernos; mantivemos a noção de que a pesquisa experimental
é o único meio de obter informações precisas
sobre o fenômeno parapsicológico, o que tem sido criticado
não apenas por parapsicólogos(as), mas por cientistas
de muitas outras áreas...
Para que sejamos parapsicólogos(as) temos que, em primeiro lugar,
retomarmos o rumo da história parapsicológica. Isto significa
que temos que tirar o tempo perdido. Temos visto um grande esforço,
em vários grupos, em função da retomada histórica.
Congressos, contatos com parapsicólogos(as) estrangeiros(as),
traduções de textos e, mais recentemente um curso on-line,
oferecido pela Asociación Iberoamericana de Parapsicología,
sobre metodologias em Parapsicologia. Por que metodologias? Porque,
para sermos parapsicólogos(as), não basta estarmos a par
da história, temos que ajudar a construi-la. Ao lado das atividades
profissionais que já realizamos em nosso país, como as
ligadas à educação, à produção
de material editorial e ao aconselhamento, temos que nos empenhar por
consolidar a área de pesquisa, nossa maior necessidade no momento.
Nesse sentido, outro dos nossos objetivos ao escrever
este artigo foi o de inspirar nossos(as) colegas a realizarem suas próprias
pesquisas. Há inúmeras pesquisas descritas abaixo e muitas
referencias bibliográficas. A Parapsicologia precisa de nossa
criatividade e de nosso empenho. Temos certeza de que os brasileiros,
em pouco tempo, farão a diferença no cenário parapsicológico
internacional.
De forma alguma tivemos a pretensão de esgotar o tema. Temos
consciência de que este artigo apenas arranhou o verniz. Aqueles(as)
que tiverem interesse de se aprofundar nas pesquisas de ESP, deverão
buscar revisões mais detalhadas que esta, sobretudo aquelas publicadas
na série Advances in Parapsychological Research. Por outro lado,
para uma aproximação rápida e abrangente, este
artigo nos parece suficientemente completo.
Ao final da revisão, procuramos levantar algumas
reflexões teóricas e práticas que julgamos interessantes
no sentido de estimularem futuras pesquisas empíricas. Tais reflexões
não estavam previstas quando do início da construção
deste texto, mas achamos por bem mantê-las, já que ofereceriam
aos leitores(as) uma oportunidade de acompanharem algo que transcende
os dados que a revisão deveria trazer. Muitas dessas reflexões
carecem de base empírica já que foram produzidas ao longo
da construção do texto e não houve tempo de "testá-las",
enquanto outras foram suficientemente bem apoiadas por pesquisas apresentadas
ao longo da revisão. Que elas sirvam de incentivo para que se
abra uma discussão em torno do assunto e que outros pesquisadores
possam dividir conosco suas próprias reflexões sobre ESP
e psi de um modo geral. Aqueles(as) que tiverem interesse apenas na
revisão, poderão desprezá-las sem qualquer perda
do conteúdo do texto.
2. Introdução
Em todas as culturas, ao longo dos séculos, encontramos relatos
de experiências ou fenômenos que desconcertaram o ser humano
por, aparentemente, não resultarem de mecanismos até então
conhecidos por ele. Ansiando por explicações que diminuíssem
a angústia que o desconhecido lhe causava, o ser humano "inventou"
respostas, criou deuses, gnomos, fadas, sacis, demônios, enfim,
atribuiu responsabilidade ao sobrenatural. Um exemplo é o eclipse
do Sol ou da Lua. Antes de se descobrir os motivos de sua ocorrência,
muito se especulou em torno disso. Seriam os deuses que estariam irados
e por isso ter-nos-iam deixado em trevas momentaneamente? Rituais, danças
e hinos... E, de repente, como se os deuses se acalmassem, o Sol ou
a Lua voltavam a brilhar. (Machado, 1995, p. 76) À medida que
dominava a natureza e aperfeiçoava a tecnologia, porém,
o ser humano percebia que muitos dos eventos antes considerados sobrenaturais
eram fruto do curso normal de fenômenos absolutamente
naturais. É importante lembrar, porém, que o fato desses
eventos atribuídos ao sobrenatural serem explicados cientificamente
- como o eclipse - não elimina a possibilidade da real existência
de seres fantásticos ou divinos. Sabemos, porém, que eles
não estão envolvidos na relação de causa
e efeito à qual antes eram teoricamente submetidos.
Dentre essas experiências desconcertantes,
há registros de ocorrências que envolvem a aquisição
de informações ou a interferência no meio ambiente
por meios extra-sensório motores. Alvo de interpretações
sobrenaturalistas e religiosas, essas vivências levaram muitas
pessoas à fogueira durante a Santa Inquisição,
valeram internações em hospícios, justificaram
canonizações e desencadearam movimentos religiosos, como
o Espiritismo no século XIX.
Devido ao frisson provocado pelo fenômeno
das mesas girantes (Wantuil, 1958), das
sessões mediúnicas e pelo mesmerismo, celebridades do
meio acadêmico - muitas da quais já se ocupavam do estudo
desses fenômenos - decidiram fundar uma sociedade para investigar
a veracidade dos fatos ditos espíritas, o mesmerismo e os relatos
de aparentes intervenções sobrenaturais na vida quotidiana,
como a movimentação de objetos sem a utilização
dos músculos ou de qualquer instrumento. Assim, em 1882, nasceu,
em Londres, a Society for Psychical Research (SPR), composta por figuras
internacionais ilustres, dentre elas: três prêmios Nobel,
dez fellows da Royal Society, um primeiro ministro, os grandes cientistas
britânicos Sir William Crookes, Sir Oliver Lodge e Sir J.J. Thomson
e acadêmicos da Universidade de Harvard, incluindo William James,
William McDougall e Gardner Murphy.
A proposta da Pesquisa Psíquica era primordialmente
a pesquisa de campo, havendo também investigações
experimentais. Muitos médiuns foram exaustivamente estudados
e levantamento de dados foram realizados, sendo o mais importante deles
o Censo da Aparições, que resultou no clássico
"Phantasms of the Living" (1886/1970), escrito por Gurney,
Myers e Podmore.
A fundação da SPR impulsionou
a fundação de outras sociedades e institutos de pesquisa,
como a American Society for Psychical Research (ASPR), em 1885 em Nova
York, a SPR de Boston e a SPR da Holanda. Em 1919 foi fundado o Institute
Metapsychic Internacional (IMI) em Paris, por Charles Richet, professor
de Fisiologia na Escola Médica da Universidade de Paris e futuro
ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia. Outras associações
e institutos surgiram, muitos não tendo vida longa e nem sempre
sendo fiéis aos propósitos científicos. Universidades
européias e americanas começaram a ceder bolsas de pesquisa
para que se investigasse os então chamados fenômenos parapsíquicos,
como a Universidade de Harvard, nos EUA, e a Universidade de Gröeningen,
na Holanda.
O final da década de 1920 e as
três próximas décadas que se seguiram foram extremamente
importantes para o estudo dessa área. Joseph Banks Rhine e sua
esposa Louisa Ella Rhine, ambos doutores em Fisiologia Vegetal, se interessaram
pela Pesquisa Psíquica e passaram a se dedicar a esse campo de
estudo. Juntamente com o Dr. William McDougall, fundaram o Laboratório
de Parapsicologia na Universidade de Duke, em Durham, Carolina do Norte,
EUA. Lá, os Rhine e uma equipe de pesquisadores começaram
a testar experimentalmente interações humanas extra-sensoriais
e extra-motoras, ou seja, que aparentemente ocorriam sem a mediação
de qualquer mecanismo ou agente físico conhecido. Essas interações
ou, como se diz comumente, fenômenos são chamados parapsicológicos
ou psi. Psi é 23ª letra do alfabeto grego e, neste caso,
se compara ao x na matemática. Em Parapsicologia, psi é
usada para designar os fenômenos, uma vez que sua natureza permanece,
ainda, uma incógnita.
Atualmente, os pesquisadores acadêmicos em geral
se referem aos fenômenos psi por meio da classificação
adotada por Joseph Banks Rhine. De acordo com essa classificação,
os fenômenos psi se dividiriam didaticamente em dois grupos: o
dos fenômenos psicocinéticos - popularmente conhecidos
como "ação da mente sobre a matéria"-
e o dos fenômenos extra-sensoriais - dos quais trataremos neste
trabalho - de acordo com a função psi, ou seja, a faculdade
atribuída à mente capaz de produzir fenômenos psi.
(Rhine, 1934, 1937, 1947, 1953)
Os termos psicocinesia (PK, do inglês, psychokinesis)
e percepção extra-sensorial (ESP, do inglês
extrasensory perception) e não foram cunhados por J.B.Rhine.
O termo psicocinesia foi usado por Holt em 1914 para designar
o poder necessário para a realização da comunicação
mediúnica, e Boirac utilizou o termo psicocinesia
vital em 1908 com um sentido semelhante
à psicocinesia de Rhine. O termo percepção
extra-sensorial foi usado anteriormente por Pagenstecher (1924),
Fisher (1926) e Sainville (1927) com o mesmo sentido empregado por Rhine.
(Zingrone & Alvarado, 1987, p. 51)
Não ocupar-nos-emos, neste trabalho,
das pesquisas a respeito da psicocinesia, pois pretendemos fazê-lo
em outra oportunidade.
A percepção extra-sensorial
se refere a uma capacidade humana ligada à aquisição
de conhecimento. Através dela as pessoas teriam a possibilidade
de adquirir ou receber informações de modo diferente dos
meios convencionais, isto é, sem que ninguém lhes diga
nada, sem que qualquer pista de linguagem corporal contribua para que
as informações sejam conhecidas ou sem que alguma mensagem
escrita ou gravada seja recebida. De alguma forma, ultrapassando os
limites dos sentidos humanos conhecidos, há a possibilidade de
transmissão ou captação de informações.
Dizemos "transmissão ou captação" porque,
apesar de todas as pesquisas já realizadas sobre a ESP já
terem apontado muitas pistas acerca de seu funcionamento, ainda não
está claro se a mensagem envolvida nesse fenômeno é
transmitida, captada ou ambos ao mesmo tempo. Já surgiram diversas
teorias para tentar explicar não apenas esse mecanismo, mas também
a natureza da ESP, porém nenhuma ainda foi considerada definitiva.
Os testes demonstram - apesar da objeção dos céticos
- que realmente algo acontece em certas circunstâncias que parece
envolver algum tipo de capacidade humana que se adequa à hipótese
de utilização da ESP. Porém essa falta de uma teoria
adotada em consenso entre os próprios pesquisadores do campo
constitui um obstáculo para o convencimento da existência
de ESP daqueles que ainda colocam em xeque essa capacidade humana. (Machado,
1997)
É importante dizer que,
apesar de ser o mais utilizado, o termo percepção extra-sensorial
também é questionado. Como Braude afirma:
"Muitos parapsicólogos agora concordam
que o termo ‘percepção extra-sensorial’
é uma expressão infeliz, uma vez que sugere que os referidos
fenômenos são de natureza perceptiva, ou quase perceptiva.
Mas, a menos que nossa visão sobre a percepção
comum esteja seriamente equivocada (uma possibilidade que deve ser
deixada em aberto), as várias formas de ESP aparentemente envolvem
processos aparentemente bem diferentes das modalidades de sentido
que nos são familiares. Não estou sugerindo que abandonemos
o termo ‘ESP’; no momento ele está muito bem entrincheirado
para ser amputado. Mas devemos estar alertas para não ficarmos
seduzidos a pensar que a ESP seja algo parecido com a percepção
comum."
(Braude, 1979, p.3)
Um dos maiores desafios para os estudiosos da ESP é
a questão da violação das leis de tempo e espaço
propostas pela Física clássica. A percepção
extra-sensorial divide-se, didaticamente, em telepatia e clarividência.
A telepatia ocorre quando há transmissão ou captação
de informação entre duas pessoas. Quando a informação
é obtida do meio ambiente, sem o envolvimento de uma outra mente,
diz-se que ocorreu um fenômeno de clarividência. As pesquisas
evidenciam que não há limites de distância entre
a pessoa que "recebe" a informação e a pessoa
ou local de onde ela possivelmente teria partido. Portanto, desafia
os limites impostos pelo conceito de espaço em Física.
Quanto ao tempo, tanto a telepatia quanto
a clarividência podem ser: (a) precognitivas (quando a informação
se refere a um fato que ocorrerá no futuro); (b) simulcognitivas
(quando o fato está ocorrendo no mesmo momento em que a informação
é transmitida ou captada); (c) retrocognitivas (quando diz respeito
a um evento ocorrido no passado sobre o qual a pessoa que "recebe"
a informação não tinha conhecimento prévio).
Como foi dito, essa divisão é
meramente didática e serve mais para estabelecer parâmetros
de objetivos nos experimentos feitos em laboratórios. No caso
dos fenômenos psi que ocorrem no cotidiano, muitas vezes é
impossível distinguir e denominar didaticamente o que ocorreu.
Por isso, Rhine introduziu a denominação percepção
extra-sensorial em geral para englobar tanto os fenômenos de telepatia
quanto os de clarividência. A sigla utilizada para a percepção
extra-sensorial em geral é GESP, do inglês general extrasensory
perception. (Beloff, 1993, p. 135)
A questão da nomenclatura em
Parapsicologia sempre suscitou discussões. Vários congressos
e conferências foram realizados em tentativas de padronização:
Copenhague (1921), Varsóvia (1923), Paris (1927), Atenas (1930),
Sienna (1949), Utrech (1953). Além disso, mais recentemente algumas
conferências sobre o tema são proferidas e artigos a respeito
são publicados. (Beloff, 1979; Lucadou, 1984; Neppe, 1984, Thalbourne,
1985; Zingrone e Alvarado, 1987; Zangari, 1993; Machado, 1998). Vários
glossários foram propostos, porém, o que alcança
maior consenso quanto a sua utilidade é o de Thalbourne (1982).
(Zingrone & Alvarado, 1987, pp. 65 e 66)
Importa lembrar que, independentemente da nomenclatura utilizada para
classificar as experiências e/ou fenômenos parapsicológicos,
e ainda que popularmente sejam dadas interpretações religiosas
e sobrenaturalistas para as vivências extra-sensoriais, em Parapsicologia
lidamos com a hipótese de que o ser humano é o agente
principal dessas experiências, não elementos sobrenaturais
de qualquer espécie. Isto é, o ser humano vivo teria a
capacidade de adquirir informações por vias diferentes
das sensoriais conhecidas. Por isso, tanto os sujeitos envolvidos nas
pesquisas laboratoriais quanto os que passam por experiências
espontâneas de ESP são denominados agentes psi.
Recentemente, prefere-se utilizar
o termo experiência parapsicológica ao invés de
fenômeno parapsicológico, pois o fato de uma pessoa passar
por uma vivência que julga ter algum traço parapsicológico
não implica que realmente um componente parapsicológico
estivesse aí envolvido. Essa impressão de atuação
de psi pode ser fruto de má interpretação da realidade,
por exemplo. Assim, principalmente quando nos referirmos a casos espontâneos,
daremos preferência ao termos experiência psi ou parapsicológica.
3 - A "revolução" Rhine
A chamada "Revolução Rhine"
teve três objetivos principais: (a) tentar introduzir um programa
progressivo de pesquisa experimental no estudo de fenômenos psi
de acordo com uma metodologia que propiciasse uma esfera de conhecimento
sempre em expansão; (b) tentar conseguir o status acadêmico
e o reconhecimento científico para o campo; (c) demonstrar que
a habilidade parapsicológica estivesse talvez
presente em todos, não apenas em alguns dotados (Beloff,
1993, p.127). A proposta do Dr. Rhine era
de empregar um caráter experimental à pesquisa da ESP,
mais rigorosa do que era feita pela Pesquisa Psíquica ou pela
Metapsíquica - variação francesa do termo - que
se ocupavam mais de estudos de caso. Por isso adotou e tornou popular
o termo "parapsicologia" para designar seu estudo. Mais tarde,
esse termo deixou de designar apenas estudos experimentais para englobar
também a pesquisa de casos espontâneos.
Rhine e sua equipe elaboraram diversas
técnicas experimentais com um baralho especial que chamou baralho
ESP, composto de vinte e cinco cartas, sendo cinco grupos de cartas
com cinco símbolos diferentes: círculo, cruz, ondas, quadrado
e estrela. Em linhas gerais, seguindo diversos procedimentos dependendo
da finalidade da pesquisa, o sujeito deveria saber, ou seja, tentar
adivinhar a seqüência de cartas embaralhadas aleatoriamente,
a princípio de forma manual e, posteriormente, de forma mecânica
para evitar pistas sensoriais (Beloff, 1993, pp.
134 e 135).
O principal objetivos dos experimentos
realizados no Laboratório de Parapsicologia era demonstrar estatisticamente,
ou seja, de acordo com os padrões científicos da época,
que ESP era uma realidade. Por isso, esses experimentos são ditos
orientados à prova. Milhares de séries
experimentais foram realizadas. Rhine conseguiu sujeitos fantásticos,
cuja performance causava espanto. Contou também com sujeitos
comuns, pois apostava que a ESP seria uma potencialidade inerente a
todos os seres humanos. Os resultados foram estatisticamente significativos.
Violentas críticas acadêmicas
foram feitas ao trabalho experimental de Rhine devido ao fato de outros
pesquisadores não conseguirem replicar seus experimentos e atingir
os mesmos resultados significativos. Dizia-se que seus resultados
eram viciados e que era duvidosa a conduta das pessoas envolvidas no
processo de experimentação e verificação
de resultados. Além disso, questionava-se a facilidade com que
o Dr. Rhine conseguia bons sujeitos para a pesquisa (Machado,
1996, p. 46). Isto, porém, ao invés de destruir
o que fora até então realizado, contribuiu para que se
aperfeiçoasse o trabalho laboratorial. O Dr. Rhine conseguiu
fundos de grandes empresas para continuar realizando as pesquisas. Através
do empenho dos Rhine, a Parapsicologia começou a ganhar formas
de disciplina científica.
Correlações foram feitas entre a personalidade e o desempenho
nos experimentos de ESP. Gertrude Schmeidler, Ph.D em Psicologia pela
Harvard em 1935, em 1942 começou a se interessar pela Parapsicologia
e desenvolveu uma pesquisa em torno da crença ou não da
possibilidade da ocorrência de ESP. Schmeidler descobriu que as
pessoas que não acreditavam na ESP tinham um desempenho abaixo
do esperado pelo acaso, ao passo que as pessoas que acreditavam atuavam
acima do esperado. Chamou de cabras pessoas que não
acreditavam na possibilidade da ESP e de ovelhas as pessoas
que acreditavam. Ainda que pesquisas posteriores considerando o chamado
efeito cabra-ovelha não tenham traduzido resultados tão
significativos quanto os da pesquisa original, essa descoberta representou
uma inovação na pesquisa experimental, mais uma vez apontando
para características individuais dos sujeitos que participavam
das pesquisas, além de trazer pistas sobre a ocorrência
de casos espontâneos ocorridos no cotidiano, que por sua vez,
também contribuem para a elaboração de hipóteses
experimentais. Afinal, os experimentos de ESP surgiram para verificar
em laboratório experiências que ocorrem na vida cotidiana,
uma vez que elas, por si só, não constituem - demonstração
científica segundo o paradigma vigente.
4. As faces da ESP
Desde sua fundação, em Durham, Carolina do Norte, o Laboratório
de Parapsicologia da Universidade de Duke recebeu centenas cartas de
pessoas que relatavam experiências no mínimo intrigantes,
que aparentemente envolviam a percepção extra-sensorial.
É verdade que o laboratório
estava empenhado em realizar pesquisas experimentais sobre a possibilidade
da ocorrência de ESP, porém não se poderia deixar
de dar importância a dados empíricos não experimentais.
Assim, a Dra. Louisa Ella Rhine se encarregou de colecionar e classificar
esses casos. Ainda que a Dra. Rhine não tivesse condições
de investigar as ocorrências cujos relatos lhe chegavam às
mãos, poderia estudá-los fenomenologicamente, compilando
dados que serviriam como subsídios para o incremento das pesquisas
laboratoriais.
Dentre os milhares de casos que chegaram
à Dra. Rhine, alguns demonstravam claramente ou muito provavelmente
nada ter a ver com casos de ESP, sendo produto talvez de delírios
ou de desinformação quanto ao trabalho do laboratório.
Desta forma, foi feita uma seleção prévia dos casos
enviados, que encontram-se arquivados no Rhine Research Center, em Durham,
Carolina do Norte.
Em fins da década de 1940
e início da década de 1950, a Dra. Rhine selecionou e
classificou 996 casos que pareciam envolver o acesso a algum tipo de
informação que não foi transmitida ou captada através
de meios convencionais (conversas, leituras, mídia etc.). Os
critérios para a seleção consistiam em (a) clareza
na narração da experiência, (b) descrição
das circunstâncias que acompanharam a experiência pessoal
do narrador e (c) correspondência da "mensagem" recebida
com a realidade, ainda que a princípio não parecesse ter
qualquer conexão com o real. A informação adquirida
poderia ser completa ou fragmentada. A intenção do levantamento
e mapeamento desses casos não era de provar que ocorriam
experiências cotidianas envolvendo ESP, mas sim verificar como
elas ocorriam. A questão da prova experimental ficava por conta
das pesquisas laboratoriais já mencionadas. Por isso, observando-se
os quesitos explicitados acima, poderia-se ter idéia dos aspectos
envolvidos no processo das ocorrências. Obviamente, a Dra. Rhine
teve que levar em conta a falibilidade do testemunho humano. Porém,
mesmo com esse obstáculo, ela pode verificar características
semelhantes nas experiências de pessoas de diferentes locais,
sem nenhuma ligação. Essas semelhanças poderiam
ser consideradas "indício visível da realidade",
como coloca a própria Dra. Rhine.
A Dra. Rhine partiu do seguinte princípio:
"...se ESP ocorre na natureza, deve fazê-lo
mais de uma vez. Se for aptidão humana, mesmo rara, observando-se
cuidadosamente as ocasiões em que entrou em ação
com certa probabilidade, acumular-se-iam os seus aspectos verdadeiros,
enquanto se cancelariam os erros devidos à memória individual,
observação etc. (...)" "...perto da metade
das cartas que citavam experiências pessoais recebidas pelo
Laboratório de Parapsicologia relatavam uma ou mais ocorrências
que preenchiam as condições. (...)" "Revelam-se
muitas semelhanças entre essas experiências... Ainda
mais, por meio dos tipos de semelhanças, é possível
vislumbrar no fundo certa base lógica que resultaria dificilmente
tão só de uma série de enganos de testemunhas,
interpretações exageradas, imaginação,
coincidência e outras circunstâncias. (...)
"(...) Uma única experiência de
certa espécie provavelmente não chegará a convencer.
Uma centena ou um milhar de experiências semelhantes, contudo,
não se afasta com a mesma facilidade." (Rhine,
1966, pp. 20 e 21)
Pensando assim, a Dra. Rhine estudou os casos selecionados,
classificando-os quanto ao tipo e à forma como ocorriam, observando
sua incidência e teorizando quanto aos processos envolvidos nas
experiências.
Os casos selecionados em três grupos, de acordo
com a aparente fonte de informação: (a) aquisição
de conhecimento realizada entre duas mentes; (b) aquisição
de conhecimento advindos de objetos sem mente e (c) aquisição
de conhecimento sobre evento futuro/passado. Como já foi dito
anteriormente, esses três tipos de ESP se classificam, em Parapsicologia,
respectivamente como telepatia, clarividência e precognição/retrocognição,
lembrando porém, que essa divisão de tipos não
passa de um artifício didático, pois a linha que separa
a telepatia da clarividência não é nítida.
Como a própria Dra. Rhine diz,
"...a natureza não é tão
rigorosa quanto aos seus limites como procuram ser as classificações
feitas pelo homem". (...) "...a própria realidade...
não é tão divisível como pensamos...ou
como desejaríamos que fosse." (Rhine,
1966, p. 42)
Para a análise dos casos coletados, Louisa Rhine
utilizou como base a teoria de Tyrrell (1947): a ESP consistiria num
processo inconsciente, cuja informação adquirida seria
mediada para a consciência de formas variadas. Tomemos como exemplo
um suposto contato telepático entre dois sujeitos A e B. O processo
extra-sensorial se daria em dois estágios. No primeiro estágio,
correspondente à transmissão/recepção da
informação, haveria uma passagem de informação
do inconsciente do sujeito A ao inconsciente do sujeito B. No segundo
estágio, correspondente ao processo de mediação
da informação, ocorreria a passagem da informação
do inconsciente do sujeito B para seu consciente.
(Figura 2) De um ponto de vista semiótico, podemos considerar
ainda um terceiro estágio: como o sujeito B perceberia a informação,
ou seja, como decodificaria e interpretaria a mensagem. Essa questão
já tem sido mais recentemente discutida por pesquisadores que
levam em conta a significação pessoal da experiência
(Braud, 1982).
Voltando ainda à coleção
de casos da qual tratávamos, a Dra. Rhine encontrou dentre os
996 casos analisados, quatro formas diferentes de ESP, de acordo com
a forma como a informação "veio à tona":
(a) forma realística (44%); (b) forma não-realística
(21%); (c) forma alucinatória (9%) e (d) forma intuitiva (26%).
As experiências
realísticas são aquelas em que a informação
chega à mente do receptor da mensagem à semelhança
da descrição fotográfica ou da filmagem cinematográfica.
Isto significa que o sujeito da experiência vê com riqueza
de detalhes o acontecimento sobre o qual está recebendo a informação.
Sabe exatamente o que acontece e com quem acontece. É uma vivência
impressionante, visto que depois confirma-se a ocorrência
do evento conhecido extra-sensorialmente, tendo este acontecido anteriormente
ao vislumbre do fato, concomitante a ele ou mesmo em situação
futura. A maior parte dessas experiências acontecem durante os
sonhos, havendo também experiências alucinatórias,
portanto, durante a vigília ou em estados hipnagógicos
ou hipnopômpicos, que poderiam ser consideradas realísticas,
tamanha a riqueza de detalhes que apresentam. Dos casos de experiências
realísticas analisados, 91% envolveram mensagens consideradas
completas.
As experiências não-realísticas
são aquelas em que a informação chega revestida
de características metafóricas, disfarçada em linguagem
simbólica ou ficcional. Sonha-se, por exemplo, com um aquário
e com um peixinho pedindo socorro. Tenta-se salvar o peixinho, mas por
motivos diversos não se consegue. O peixinho morre. Acorda-se
sobressaltado. Têm-se a sensação de que esse sonho
é diferente dos "outros". A angústia da impotência
diante do afogamento do peixinho acompanha todas as atividades realizadas
naquele dia. À noite, recebe-se a notícia de que um parente,
que por sinal nadava muito bem - como um peixe! - morrera afogado quando
em pescaria em alto-mar na noite anterior. A dramatização
da informação mascarou o conteúdo da mensagem,
"entretanto, o sonho, em seu significado mais profundo, era perfeitamente
verdadeiro". Dos casos de experiências não-realísticas
analisados, 72% envolviam mensagens consideradas completas.
As experiências alucinatórias
são as que mais se aproximam das experiências sensoriais.
Quem passa por esse tipo de vivência jura
que viu, ouviu ou sentiu odores que não foram vistos, ouvidos
ou cheirados por mais ninguém. Às vezes ocorre uma alucinação
coletiva, mas ainda assim os que passam pela experiência constatam
logo após esse evento que nada havia onde pensavam ter, por exemplo,
visto algo. Constatam que ocorreu uma percepção sem objeto.
As alucinações comuns,
ou seja, sem conteúdo captado extra-sensorialmente, ocorrem geralmente
com pessoas doentes, dopadas ou delirantes (evidentemente, há
exceções). As alucinações psi são
diferentes porque têm a ver com a realidade, ainda que essa realidade
se passe ainda apenas na mente de outra pessoa. Como diz Louisa Rhine:
"(...) É real no significado lato do
termo, e embora os sentidos não possam alcançá-lo,
a percepção extra-sensorial pode. Assim sendo, em contraste
com todas as outras alucinações, esta espécie
- a alucinação psi - é de certo modo verdadeira,
e não simples experiência sem base concreta. (...)
As alucinações psi são diferentes
de outras alucinações porque em geral as experimentam
pessoas inteiramente normais, que não estão em estado
mental anormal provocados por drogas ou moléstia."
(Rhine, 1966, pp. 56 e 57)
Dos casos de experiências alucinatórias
analisados, 32% apresentaram mensagens consideradas completas.
O fato de ocorrer esse tipo de experiência
envolvendo pessoas já falecidas ou que morreram proximamente
à ocorrência da visão, por exemplo, alimentam idéias
espiritualistas que supõem o contato com os desencarnados.
Mas, como há experiências alucinatórias em que a
figura que "aparece" é de alguém vivo, que estava
em plena atividade na ocasião do evento psi, as supostas "evidências"
sobrenaturalistas ficam em xeque. Isto não significa
que se possa afirmar com certeza que espíritos não existam
e que ninguém possa se comunicar com os mortos. Isto significa
que as experiências psi não constituem prova definitiva,
por exemplo, para a hipótese da sobrevivência da alma.
As experiências intuitivas
são diferentes dos sonhos e das alucinações. Têm
por base uma sensação, um sentimento ou uma emoção,
que faz com que a pessoa que vivencia essa experiência saiba que
algo irá ocorrer, sem saber exatamente o que,
apesar de poder por vezes saber com quem. Essa informação
aparece como que do nada, "sem que haja qualquer motivo
óbvio para que se saiba, ou sem qualquer ligação
racional com os pensamentos que se tenha interrompido"
(Rhine, 1966, p. 63). Dos casos de experiências
realísticas analisados, 55% envolveram mensagens consideradas
completas.
As experiências intuitivas podem
acontecer de quatro formas diferentes:
(a) através de uma idéia
que surge à mente, um pensamento inesperado;
(b) através de uma emoção inesperada, que nada
tem a ver com o estado de espírito de quem a vivencia no contexto
do momento em que ocorre;
(c) através de um impulso repentino que leva a uma ação
impensada, como se fosse um reflexo involuntário;
(d) através de uma "reação" psicossomática,
isto é, da sensação de uma dor ou sensação
corporal, que indique algum tipo de mal-estar, por exemplo.
Em resumo, as diferentes formas
de ESP parecem oferecer níveis diferentes de informação
sobre os acontecimentos. Algumas permitem à pessoa que
passa por uma experiência desse tipo saber o quê
e com quem essa informação se relaciona.
Outras dão apenas condições de se saber o
quê mas não com quem ela se relaciona,
ou vice-versa. No estudo da Dra. Louisa Rhine, em 79% dos casos a pessoa
alvo era identificada e em 65% dos casos o tipo de ocorrência
era conhecido(Rhine, 1953; Schouten, 1982).
Em 91% dos sonhos realistas, 72% dos sonhos simbólicos, 55% das
impressões intuitivas e 32% das experiências alucinatórias,
houve a possibilidade de se ter ambas informações: pessoa
e ocorrência.
É difícil reconhecer se uma experiência cognitiva
cotidiana realmente envolve ESP ou não. O diferencial de uma
experiência que envolve ESP é o modo como uma informação
é obtida e a forte carga de significação que ela
carrega. Coleções de casos como a de Louisa Rhine e levantamento
de dados sobre casos espontâneos feitos em diversos países
fornecem dados sobre as condições e incidência das
experiências psi na vida diária. A aplicação
desse conhecimento em pesquisas laboratoriais já contribuíram
e continuam contribuindo para promover um bom avanço na compreensão
do funcionamento de psi. Servem também para aproximar o máximo
possível os experimentos a condições de ocorrências
extra-sensoriais no cotidiano. É claro, porém, que nunca
se conseguiu reproduzir em laboratório as
condições exatas para que um fenômeno extra-sensorial
ocorresse. Afinal, "um gráfico sobre variações
do brilho da estrela não é a estrela; é uma representação
baseada em pontos empíricos. O domínio das possibilidades
não é perfeito."
De qualquer forma, inferimos as
seguintes peculiaridades dos casos de ESP:
(a) a ligação
emocional entre as pessoas facilita a ocorrência de psi;
(b) o repouso ou atividades motoras repetitivas e monótonas
são as situações mais propícias para a
ESP;
(c) situações de crise, em especial de morte, são
as que mais encontram lugar entre os casos relatados;
(d) a personalidade influi na abertura a experiências desse
tipo.
Esses dados têm confirmação laboratorial,
mas, como a natureza não tem obrigação
de ser simples, lembramos que há situações
que contrariam as expectativas. Seja como for, as informações
obtidas a partir da ESP são importantes para as pessoas que as
vivenciaram. Estão relacionadas com ocorrências geralmente
trágicas, como morte da pessoa amada, crises ou eventos de importância
pessoal. Esses casos somam 80% das ocorrências. Estes dados fazem
supor que a ESP está relacionada a fatores motivacionais da personalidade
da pessoa que a vivencia.
Quanto à incidência das experiências de ESP, aparentemente
não há distinção entre homens e mulheres,
nem em relação à faixa etária. A diferença
ocorre, no entanto, no que diz respeito ao relato das experiências.
Para cada dez mulheres que relatam suas experiências psi a parentes
ou amigos, apenas um homem o faz. Por isso, talvez haja a impressão
de que as mulheres sejam mais propensas a vivências psi. Isto
depende, também, da cultura em que se está inserido. No
Brasil, por exemplo, a narração de experiências
de tipo ESP é tema comum em roda de amigos. O mesmo já
não acontece nos Estados Unidos com tanta freqüência.
As experiências extra-sensoriais são
narradas, em média, por cerca de 50% da amostras estudadas. Este
é o resultado das pesquisas de levantamento de dados realizadas
nos Estados Unidos (Palmer, 1979),
na Austrália, (Irwin, 1985),
em Israel (Glickson, 1990),
Inglaterra (Haraldsson, 1985)
e no Brasil (Zangari e Machado, 1994).
Além das características
apontadas acima, é importante mencionar outras, retiradas não
apenas da pesquisa realizada pela Dra. Rhine, mas também por
pesquisas levadas a cabo por outros(as) pesquisadores(as). Estas incluem
o impacto da ESP sobre os indivíduos, a quantidade de pessoas
que, ao passarem por uma experiência extra-sensorial, relataram-na
para outra pessoa, as circunstâncias em que se encontrava a pessoa
no momento de sua experiência, outras características relacionadas
à freqüência e à especificidade da ocorrência
de ESP em suas variantes (telepatia, clarividência, precognição
e retrocognição) e as características quanto à
demografia e à personalidade dos sujeitos que passam por tais
experiências.
Apesar de alguns autores incluírem
em seus estudos tal característica, muito pouco se sabe sobre
o impacto da ESP sobre os indivíduos. Nas pesquisas de
Stevenson (1970) e Irwin (1989), a ansiedade parece ter sido o maior
efeito registrado. No levantamento feito por Stevenson sobre impressões
telepáticas de tipo intuitivo, 61% da amostra relatou ansiedade,
o mesmo ocorrendo em 25% da amostra de Irwin.
A pessoa que passa pela experiência de ESP a revela para alguém?
Cerca de um terço da amostra de Irwin (1989) revelou-a para outra
pessoa, enquanto 53% não o fizeram por não estarem inclinadas
a fazê-lo e 17% alegaram não tê-lo feito por falta
de oportunidade. Este aspecto pode estar relacionado ao impacto que
a ESP provoca. Talvez a pessoa não tenha
tido a convicção necessária para acreditá-la
importante, ou pense que ninguém entenderia sua experiência
e que poderiam fazer mal juízo de quem a vivenciou.
Cerca de dois terços das pessoas
pesquisadas por Irwin (1989) encontravam-se sozinhas durante suas experiências.
Além disso, estavam absorvidas em atividades que lhes ocupavam
pouca função muscular. Geralmente estavam dormindo, tocando
um instrumento ou passando roupa, por exemplo. Irwin considera esses
dados correspondentes à idéia de que a ESP é facilitada
por atividades que mantêm o indivíduo relaxado ou que provoquem
atos motores repetitivos. (Irwin, 1994b)
Em relação às
experiências telepáticas e clarividentes, algumas pesquisas
mostram uma maior incidência da primeira, numa proporção
duas vezes maior (Haraldsson, 1985; Haraldsson
& Houtkooper, 1991). Há evidências
de que não existe diferença no processo envolvido na
telepatia e na clarividência. O que parece existir é meramente
uma diferença de alvo ou fonte (Rhine,
1956). Isto quer dizer que o papel mais significativo é
o da pessoa que passa pela experiência, já que estaria
rastreando ou "lendo" o meio ambiente por ESP e, quando se
deparasse com uma circunstância em que alguém próximo
dela necessitasse, a informação poderia chegar à
consciência.
As experiências de ESP relacionadas a eventos futuros, chamadas
experiências precognitivas, além emergirem à consciência
por meio sonhos em 75% dos casos (Rhine, 1954),
parecem estar relacionadas a ocorrências que se passam em um intervalo
de dois dias após a experiência (Green,
1960; Orme, 1974). As pessoas tenderiam a se esquecer das experiências
para além desse intervalo (Schouten, 1982).
O fato de as experiências precognitivas estarem relacionadas a
eventos altamente significativos para a pessoa que por ela passa (Rhine,
1954), parece confirmado pela investigação de Saltmarsh
(1934). Apesar de os casos de precognição
serem mais ricos em detalhes do que os casos de simulcognição
(Schouten, 1982),
eles são acompanhados por baixo grau de convicção
(Rhine, 1954).
A análise dos bancos de dados de casos de precognição
dá conta de que há uma quantidade considerável
de casos em que o evento trágico não apenas pôde
ser evitado, mas que se o experienciador não interviesse, o evento
teria ocorrido.
As pesquisas de casos espontâneos
praticamente não cobrem o tipo de experiências de ESP relacionadas
a eventos provenientes do passado. Obviamente, esses casos são
muito difíceis de ser estudados, sobretudo por conta do fato
de abrangerem experiências de rápida duração.
Tão logo aparecem, desaparecem. Além disso, o sujeito
nunca tem garantia de que o evento se tratou de ESP ou de memória.
As pesquisas de levantamento de
dados, permitem obter informações sobre as características
das pessoas que passam pelas experiências de ESP. Haight (1979)
encontrou tendências para o neuroticismo e pouca atividade cognitiva.
Sandford (1979) também encontrou evidências relacionadas
ao neuroticismo, além do baixo índice de sociabilidade.
Greiner (1964) não encontrou traços de neuroticismo em
sua amostra. Foram encontradas algumas características cognitivas
relacionadas às pessoas que passaram por experiências de
ESP, associadas à necessidade delas se tornarem completamente
absorvidas por uma atividade. Irwin (1979) demonstrou que a forma de
manifestação da ESP pode estar relacionada com os estilos
cognitivos dos experienciadores. Assim, os mais "visuais"
tendem a fazer a ESP emergir via imagens mentais. Palmer (1979) encontrou
diferenças nas atitudes entre as pessoas que passaram por uma
experiência de ESP e as que não passaram, em relação
às suas crenças e experiências subjetivas. Em sua
amostra, mais pessoas que relatam ter tido experiências extrasensoriais
afirmam acreditar na Astrologia e na reencarnação, e dizem
analisar seus sonhos, além de consultar profissionais que dizem
ter capacidades parapsicológicas, tais como videntes e cartomantes.
As características demográficas não apontam para
diferenças significativas entre sexo, idade, denominação
religiosa e convicção política na população
americana. Palmer encontrou uma porcentagem significativa de mulheres
separadas ou divorciadas que passaram por essas experiências (Palmer,
1979). Haraldsson e Houtkooper (1991) relataram significação
entre o status marital e a ESP, além da maior incidência
entre mulheres e pessoas com melhor educação formal.
Comentários sobre os dados da pesquisa
de casos espontâneos
Freqüentemente os cientistas exigem dos parapsicólogos
dados que possam ser replicados em situações controladas.
A exigência da replicação está baseada na
concepção clássica de ciência. O que as pesquisas
de casos espontâneos nos demonstra é que experiências
parapsicológicas estão se repetindo em cerca de metade
da população mundial. A repetição dessas
experiências, o impacto sobre a vida das pessoas, as características
semelhantes entre os diferentes tipos de percepção extra-sensorial
e, sobretudo, a quantidade de pessoas que passam
pelas experiências em questão, são suficientemente
significativas para importarem aos cientistas. Ainda que em tais experiências
não esteja implicado nenhum processo extra-sensorial, o simples
fato de que cerca da metade da população mundial relata
experiências desse tipo merece, ao menos, uma análise psicológica
e sociológica.
Se processos de conhecimento ainda
não reconhecidos cientificamente estão implicados nas
experiências de ESP, não sabemos exatamente. Mas, sabemos
que há evidências de sua existência. Os parapsicólogos
estudam essas evidências, independentemente de elas implicarem
ou não em processos não tradicionais. As características
das experiências de ESP que têm emergido a partir
das pesquisas dos parapsicólogos, parecem corresponder aos resultados
das pesquisas experimentais. Isto significa que há uma outra
fonte de evidência da existência de processos não
convencionais: a comparação entre dados obtidos por diferentes
abordagens.
5. A "revolução" das
respostas livres
Na década de 1960, o behaviorismo começou
a entrar em baixa e novas abordagens psicológicas foram adotadas.
A contra-cultura trouxe consigo formas alternativas de encarar o mundo
e a busca de novos meios de expressão. Nesse contexto, os testes
elaborados por Rhine e seus colaboradores já não despertavam
tanto interesse e se mostravam cansativos e desestimulantes, em nada
comparáveis ao espetacular impacto que os casos espontâneos
causam. Era preciso que novas técnicas de pesquisa orientadas
não mais à prova, mas ao processo psi, fossem desenvolvidas.
Assim, nasceram os testes de respostas livres. Nesses
testes, ao contrário dos testes de respostas forçadas
feitos com as cartas ESP, o alvo pode ser uma figura, um vídeo-clip,
ou uma cena da vida real. O sujeito, sob condições controladas,
tenta "adivinhar" o alvo descrevendo suas imagens mentais
ou sensações durante o experimento. Considera-se um acerto
quando um juiz cego consegue, a partir da descrição feita
pelo sujeito, identificar dentre várias opções,
o alvo correto que estava sendo utilizado no teste (Beloff,
1993, p. 161). Podemos dizer que, a partir da utilização
dos testes de respostas livres iniciou-se uma nova
revolução em Parapsicologia. Os experimentos se aproximaram
muito mais da ocorrência dos fenômenos na vida cotidiana
e os resultados obtidos foram, de forma geral, melhores se comparados
aos testes feitos pelo Dr. Rhine e sua equipe. (Gráfico
1)
Os principais testes de respostas livres
em Parapsicologia são: testes com sonhos, ganzfeld e experimentos
de remote viewing.
Pesquisas de levantamento de dados já
haviam demonstrado que cerca de 65% das experiências de ESP acontecem
durante o sono e se relaciona com os sonhos (Rhine,
1953). Já havia evidências de que a hipnose favorecia
os resultados experimentais positivos de ESP (Dingwall,
1967; Honorton e Krippner, 1969; Schechter, 1984, Van de Castle, 1969).
Os parapsicólogos se perguntavam se seria possível pesquisar
os estados alterados de consciência de forma objetiva.
Levando em consideração
esses dados, descobriu-se nos sonhos um caminho interessante para o
estudo da ESP. Isto, aliado às descobertas feitas na década
de 1950 sobre o sono, propiciou a elaboração de testes
de ESP a serem realizados enquanto o sujeito dormia. Descobriu-se que
o movimento rápido dos olhos (MRO) que se dá enquanto
alguém dorme corresponde ao período em que essa pessoa
está sonhando. Acordando-a logo em seguida a esse período,
a lembrança do sonho ainda está nítida.
A pesquisa sistemática com sonhos teve início em 1964,
no Laboratório de Sonhos fundado por Montague Ullman no Maimonides
Medical Center, Brooklyn, Nova Iorque. A equipe de pesquisadores incluía,
além de Ullman, Stanley Krippner, diretor do laboratório,
e Charles Honorton, que se juntou a eles em 1967. Basicamente, o experimento
consistia em colocar um sujeito dormindo em uma sala isolada acusticamente,
com aparelhos monitorando seu sono. No momento dos MRO, uma outra pessoa,
o agente, em outra sala, era avisado que deveria tentar transmitir telepaticamente
ao sujeito um alvo escolhido aleatoriamente. Dez minutos após
terem sido detectados os primeiros MRO, o sujeito era acordado e narrava
seu sonho. Depois, comparava-se o sonho ao alvo. Os resultados foram
estatisticamente significativos (Ullman
e Krippner, 1970; Krippner e Vaughan, 1973).
Entre 1964 e 1972, cerca de quinze estudos formais foram realizados
e tiveram seus resultados publicados. (Beloff,
1993, p. 164).
Charles Honorton se tornou o diretor
de pesquisa do projeto quando Stanley Krippner deixou o grupo em 1974.
Honorton tornou-se um expoente da pesquisa de respostas livres importando
da psicologia da gestalt um procedimento chamado ganzfeld,
(do alemão, campo completo) e criando uma situação
experimental que alcançou (e ainda alcança) resultados
surpreendentes tanto em termos qualitativos quanto quantitativos.
Percebendo que os estados alterados
de consciência parecem facilitar a ocorrência de ESP, Honorton
colocou um sujeito em ganzfeld, ou seja, instalado confortavelmente
em uma poltrona reclinável, com duas metades de bolinhas de pingue-pongue
sobre os olhos e uma luz vermelha iluminando o ambiente. Com os olhos
abertos, o sujeito só enxergava uma amplidão avermelhada
que fazia com ele perdesse a noção de profundidade. Além
disso, fones de ouvido com ruído branco propiciavam um estado
de homogeneização sensorial que facilitava a formação
de imagens mentais. Enquanto o sujeito se encontrava nessa posição,
um agente estava em outra sala e tentava transmitir a ele um alvo escolhido
aleatoriamente. Durante o experimento, o sujeito falava tudo o que lhe
vem à mente, e o seu relato era gravado em fita cassete e, ao
final do experimento, comparado com outras quatro figuras uma, dentre
as quais, era o verdadeiro alvo. O sujeito escolheria a que mais se
aproximasse das imagens mentais ou das sensações que tivera.
Essa técnica tem sido aperfeiçoada e variada desde 1974,
quando começou a ser colocada em prática (Honorton,
1974, 1985). A metanálise dos experimentos ganzfeld realizados
traz resultados surpreendentemente bons em termos qualitativos e acima
do esperado pela acaso em termos estatísticos.
Na década de 1980, foram publicadas
mais de quarenta séries de pesquisas ganzfeld, seguindo os padrões
estabelecidos por Hyman e Honorton (1986), que previam a análise
automática dos dados, a escolha aleatória dos alvos e
análises estatísticas aplicadas a um tipo específico
de acertos (acertos diretos).
Tais pesquisas apresentaram resultado estatisticamente significativo
a favor da hipótese de ESP em 33% das séries, contra os
25% esperados pelo acaso. A diferença entre as porcentagens
é altamente significativa a nível estatístico,
sobretudo porque demonstra consistência durante as séries
experimentais (Bem e Honorton, 1994).
Honorton (1977) teorizou a respeito
das razões pelas quais o procedimento ganzfeld teria bons resultados.
Seu objetivo era verificar o papel dos estados de atenção
interna na detecção e no reconhecimento das interações
psi. Honorton definiu os estados de atenção interna
como o "afastamento da consciência dos padrões
de informações exteroceptivas e proprioceptivas"
e sustentou que havia dois tipos deles: os gerados espontaneamente (fantasia
hipnagógica) e os induzidos (meditação, hipnose,
relaxamento e ganzfeld) (Honorton, 1977, p. 435).
Honorton, então, se perguntou:
os estados de atenção interna podem aumentar a detecção
das interações psi? O que há de comum entre os
diferentes tipos de estados de atenção interna (induzidos
ou gerados espontaneamente)? E afirmou que as respostas seriam interessantes
por dois motivos: (a) por razões teóricas, ou seja, pela
possibilidade de produção de uma framework,
e (b) por razões práticas, através do desenvolvimento
de técnicas de ‘incremento’ de psi. (Honorton, 1977,
p. 436) Honorton concluiu que os estados de atenção interna
são "necessários para a detecção
do fenômeno e não para a ocorrência do fenômeno"
e fez a seguinte generalização empírica:
"O funcionamento de psi é melhorado (isto é, é
mais facilmente detectado e reconhecido) quando o receptor está
em um estado de relaxamento sensorial e é influenciado minimamente
pelas percepções e propriocepções normais"
(Honorton, 1977, p. 466).
Charles Honorton e Ephraim I.
Schechter (1986) publicaram um artigo cujo
"...principal objetivo foi identificar as diferenças
individuais associadas com o sucesso inicial da utilização
da técnica ganzfeld. Apesar de os estudos que utilizaram participantes
que já haviam tomado parte em testes parapsicológicos
terem tido melhores resultados do que os estudos que utilizaram sujeitos
novatos, outros pesquisadores estão planejando realizar estudos
replicatórios e, de modo geral, não terão acesso
a sujeitos que já passaram por testes anteriormente. Assim,
a especificação das características do participante
associada com o sucesso inicial é particularmente importante".
(Honorton & Schechter, 1986, p. 36)
A pesquisa revelou quatro características dos
sujeitos que representariam um modelo de sujeitos que obteriam bons
resultados em testes ganzfeld (Honorton &
Schechter, 1986, p. 39):
1ª característica: diferença
entre sujeitos novatos - ou seja, que participam pela primeira vez
em experimentos parapsicológicos - e sujeitos experientes.
Sujeitos experientes apresentaram índice significativo (55%;
p binomial exata = .005, unicaudal) e significativamente superior
aos novatos (x2 = 5.42, 1 df, p = .02, bicaudal).
2ª característica: diferença entre sujeitos
envolvidos em disciplinas mentais, como meditação, por
exemplo, e sujeitos que não praticantes de tais disciplinas.
Os praticantes de tais disciplinas obtiveram resultado significativo
(n = 71, 35% de sucesso, p exata = .036) enquanto que os demais obtiveram
resultados de acordo com o que se esperava pelo acaso.
3ª característica: diferença entre sujeitos
que já haviam passado por pelo menos uma experiência
psi espontânea e aqueles que relataram não ter passado
por nenhuma experiência desse tipo. Os sujeitos que haviam passado
por experiências psi (novatos ou experientes em testes parapsicológicos)
obtiveram melhores resultados do que os demais.
4ª característica: tipos psicológicos
dos sujeitos determinados pelo teste Myers-Briggs Type Indicator.
Sujeitos de tipo psicológico sentimental e perceptivo (SP)
obtiveram resultados significativos (n = 33, 55% de acertos, p exata
= .00027) e significativamente melhores do que os de tipos diferentes
(p exata de Fisher = .0011, bicaudal). As características associadas
à dimensão SP incluem análises da atividade subjetiva,
sensibilidade interpessoal, flexibilidade, adaptabilidade e motivação
para novas situações. Tais resultados sugerem um modelo
para a compreensão do sucesso inicial de ganzfeld: "Participação
em teste anterior + prática de disciplina mental + experiência
psi espontânea + tipo psicológico SP". Este modelo
demonstrou ser válido porque os sujeitos que se enquadravam
nas quatro características alcançaram acerto de 100%
(z = 3.5). Aqueles que se enquadraram em três das características
alcançaram 64% de acertos (z = 4.2) Aqueles que se enquadraram
em dois critérios ou menos, conseguiram apenas 16% de acertos
(z = -1.32)
Não demorou para que críticos explicassem
os bons resultados por erros cometidos pelos parapsicólogos.
Ray Hyman, um respeitado psicólogo americano, é o mais
importante representante dos críticos dos experimentos ganzfeld
em Parapsicologia. Honorton, por sua vez, tratou de argumentar em favor
da qualidade da pesquisa realizada por ele e por seus colegas. As críticas
feitas por Hyman se detiveram ao aspecto da taxa de repetição
do experimento, acima da esperada pelo acaso. Isto significa que os
experimentos ganzfeld apresentaram resultados consistentes
acima da média esperada pelas leis estatística. Entre
outras críticas, Hyman afirmou que os resultados positivos foram
obtidos porque os parapsicólogos publicavam apenas os experimentos
que apresentavam bons resultados. Entretanto, um levantamento realizado
por Susan Blackmore (Blakmore, 1980) dá
conta de que os experimentos ganzfeld não publicados apresentavam
resultados semelhantes aos experimentos publicados. Além disso,
chegou-se à conclusão matemática de que, para invalidar
o conjunto de trabalhos que apresentavam bons resultados experimentais,
seria necessária uma quantidade tal de pesquisas que não
apresentassem índices acima do esperado pelo acaso, que superava
a possibilidade de tempo possível de realização
das mesmas. Hyman ainda sustentou que os bons resultados poderiam ter
sido obtidos pela existência de pistas sensoriais e por problemas
no processo de aleatorização dos alvos (Hyman,
1985). Essa crítica foi levada em conta pelos parapsicólogos.
Honorton e alguns colegas desenvolveram um novo procedimento experimental,
chamado ganzfeld automático ou auto-ganzfeld, com a finalidade
de impedir a possibilidade de pistas sensoriais e de erros no processo
de escolha dos alvos (Honorton et al., 1990).
Se Hyman estivesse certo, os índices obtidos com a nova técnica
cairiam aos níveis esperados pela chance matemática. Entretanto,
a metanálise dos resultados das pesquisas que empregaram o auto-ganzfeld,
mostrou significação estatística, evidenciando
uma vez mais a possibilidade da existência de processos de comunicação
psi (Honorton et al., 1990). Além
disso, este demonstrou que uma outra variável parecia influenciar
os resultados nos testes ganzfeld: o tipo do alvo. Os alvos, figuras
ou clipes que são vistos pelo emissor, quando dinâmicos,
ou seja, móveis, como um trecho de filme, por exemplo, são
melhor "recebidos" pelos receptores. Possivelmente os alvos
dinâmicos facilitam o acerto por serem mais atrativos que os alvos
estáticos, fazendo com que o emissor estabeleça um relacionamento
psicológico mais intenso com ele.
Os exemplos de pesquisa ganzfeld expostos acima são importantes
no sentido de demonstrar diferentes aspectos, sobretudo de ordem fisiológica
e psicológica, que interferem na manifestação de
informações extra-sensoriais. Outros exemplos de circunstâncias
propiciadoras de estados alterados de consciência, como a meditação,
a hipnose, os sonhos e o relaxamento neuro-muscular, poderiam ser também
detalhados. Mas, para o objetivo deste trabalho,
os exemplos mencionados parecem ser suficientes para demonstrar a importância
dos estados alterados de consciência para a ocorrência da
ESP.
Ao contrário dos experimentos
descritos acima, no experimento de remote viewing o
sujeito não precisa estar em um estado alterado de consciência
para tentar acertar o alvo. Este experimento consiste basicamente em
que uma pessoa se dirija a um determinado local selecionado aleatoriamente
e observe todos os seus detalhes, demorando-se por determinado tempo
nesse lugar. Enquanto isso, o sujeito tenta saber onde e/ou como é
o local em que essa outra pessoa está, e vai descrevendo imagens
que lhe vêm à mente por meio de narrativa ou de desenhos.
Esses experimentos foram primordialmente desenvolvidos pelos físicos
Russell Targ e Harald Puthoff na década de 1970, no Stanford
Research Institute, em Merlo Park, próximo a São Francisco
(Targ & Puthoff, 1978). Os resultados
foram estatisticamente significativos. Replicações e variações
do experimento foram realizadas por vários laboratórios,
em especial no Princeton Engeenering Anomalies Research Laboratory (PEAR),
na Universidade de Princeton, Nova Jersey.
Talvez as pesquisas de remote
viewing mais conhecidas atualmente sejam as que se iniciaram
na década de 1970 nos Estados Unidos, quando o governo americano,
visando descobrir uma nova fonte de informação que pudesse
servir a fins militares, iniciou um programa, fundado pelo físico
Harold Puthoff, para experimentos desse tipo no Stanford Research Institute
(SRI), afiliado à Universidade de Stanford. Outros dois físicos
americanos, Russell Targ e Edwin May juntaram-se a Puthoff. May ficou
em seu lugar quando Puthoff assumiu outro cargo em 1985. Em 1990, todo
o programa se mudou para a Science Applications International Corporation
(SAIC). O SAIC continua existindo e realizando pesquisas avançadas
na área, mas o programa terminou em 1994, depois de vinte e quatro
anos de pesquisas subsidiadas (cerca de US$ 20 milhões em gastos)
por agências governamentais americanas, como a CIA, a Defense
Intelligence Agency, o Exército, a Marinha e a NASA.
As notícias do assim chamado projeto Star Gate vieram a público
porque o congresso americano estava discutindo o destino das verbas
para o ano fiscal de 1995. O congresso orientou a CIA - Central Inteligence
Action, para revisar os resultados dos vinte e quatro anos de pesquisa
do Star Gate com a finalidade de reconhecer o real valor e pertinência
dessas pesquisas. A CIA se uniu ao American Institute for Research (AIR)
para realizar tal análise. Foram convidados especialistas de
reconhecida competência em suas especialidades para compor um
painel de discussões. O Prof. Ray Hyman foi convidado, além
da estatística e parapsicóloga, Profa. Jessica Utts, da
Universidade da Califórnia, Davis, dos doutores Michel Munford
e Andrew Rose do American Institute Research. O Dr. David Goslin, presidente
do AIR, coordenou o painel.
A investigação do AIR, subvencionada
pela CIA, concluiu que "efeitos laboratoriais estatisticamente
significativos foram demonstrados, mas serão necessárias
mais replicações". Hyman e Utts escreveram
revisões separadas que foram incluídas no relatório
do AIR.
Pediu-se ao Dr. Hyman que utilizasse o mesmo material
usado pela Dra. Utts em sua análise. Entretanto, ele apenas fez
um comentário sobre a análise que a Dra. Utts fez a respeito
desse material. O Dr. Hyman concluiu que "o efeito de tamanho
relatado nos experimentos do SAIC eram muito grandes e consistentes
para serem desprezados como sendo um resultado acidental"
(Hyman, 1996).
Hyman, entretanto, afirmou que tal efeito matemático não
seria suficiente para justificar a conclusão de demonstração
da existência de processos anômalos de conhecimento. Sustentou,
ainda, que ele não tinha segurança de que problemas metodológicos
haviam sido eliminados e que os resultados obtidos pelo SAIC correspondiam
aos resultados obtidos por outros centros parapsicológicos (Hyman,
1996).
A conclusão da Profa. Utts foi assim resumida:
"Usando os padrões empregados em qualquer
outra ciência, concluiu-se que o funcionamento parapsicológico
foi bem demonstrado. Os resultados estatísticos dos estudos
examinados apresentam resultados distantes dos esperados pelo acaso.
Os argumentos de que os resultados poderiam ser obtidos por erros
metodológicos nos experimentos foram fortemente refutados.
Efeitos de semelhante magnitude àqueles encontrados nos programas
do SRI e do SAIC, subsidiados pelo governo, têm sido encontrados
em muitos laboratórios pelo mundo. Tal consistência não
pode ser prontamente explicada por alegações de erros
ou fraude". (Utts, 1996)
Os debates entre parapsicólogos e críticos
exemplificados acima refletem parte da luta travada pelos parapsicólogos
para a aceitação da Parapsicologia como ciência.
Entretanto, como foi visto, os argumentos dos críticos sempre
levantam a possibilidade de que algum ato de incompetência dos
parapsicólogos poderia ser responsável pelos resultados
positivos das pesquisas parapsicológicas. A alegação
de que erros metodológicos poderiam ser responsabilizados levou
os parapsicólogos a revisar suas situações experimentais
e a incluir, muitas vezes, a presença de observadores críticos.
Mas não há como responder a críticas do tipo "sempre
pode haver uma fraude". Argumentos como este demonstram que a verdadeira
posição do crítico é: "não pode
haver um fenômeno como esse". Alguns críticos até
chegam a fazer tal afirmação (Alcock,
1981). Muitas vezes, o esforço do
crítico em tornar sua crítica objetiva pode ser compreendido
como uma forma de defesa contra a percepção de um elemento
absolutamente irracional presente em sua análise. Ao invés
de reconhecer a irracionalidade de seu argumento, acusa de irracionalidade
os dados das pesquisas.
Os resultados das pesquisas que
utilizam a técnica de visão remota parecem confirmar a
tendência geral das pesquisas ganzfeld, na medida em que a diminuição
de distrações, a espontaneidade e a simples transmissão
dos pensamentos, sem apelar para a racionalização
ou para a censura, parecem ser elementos comuns a ambas as técnicas.
Há ainda as pesquisas de ESP de respostas fisiológicas.
Alguns autores sustentam que a informação proveniente
da ESP estaria no inconsciente, mas, nem sempre chegaria à consciência
(Rhine, 1966). Uma das maneiras de se testar
se, efetivamente, tal informação estaria mesmo presente
na mente de um sujeito, ainda que inconscientemente, seria verificar
sua existência indiretamente, por meio de respostas discretas
do sistema nervoso, a partir de processos fisiológicos involuntários.
Tais processos, responsáveis pelas reações ao perigo
e ao estresse, poderiam ser medidos em situações em que
os alvos em uma prova experimental parapsicológica estivessem
relacionados a situações de perigo ou mesmo a informações
que poderiam estimular (por exemplo pelo impacto desagradável
da informação) o sujeito. Enquanto o sujeito permanece
sentado ou deitado em uma sala blindada contra sons e forças
eletromagnéticas, um emissor vê uma série de cartões
cujo conteúdo varia entre estímulos de forte carga emocional
para o sujeito e estímulos neutros. Os períodos de "emissão"
são controlados e a escolha dos alvos é feita de maneira
aleatória. Para a análise estatística dos resultados,
compara-se os períodos de "emissão" de alvos
estimulantes e neutros, com as variações do estado fisiológico
do sujeito experimental. Dean e Nash (1967) utilizaram nomes significativos
e neutros para o paciente. Tart (1963) utilizou agentes que sofriam
choques elétricos mínimos como alvos. Momentos em que
o sujeito é ou não observado por uma pessoa situada em
outra sala também têm sido usados como períodos
de avaliação de diferenças fisiológicas
(May, Targ e Puthoff, 1979; Braud e Schlitz, 1983;
Braud, Shafler e Andrews, 1993; Schlitz e LaBerge, 1994; Wiseman e Schlitz,
1996). A garantia de que os efeitos são provocados "por"
ESP ou "por" PK, permanece em discussão. Por esta razão,
não vamos expor exaustivamente os trabalhos em que a hipótese
de PK ou bio-PK eram as preferenciais pelos(as) pesquisadores(as). Uma
das pesquisas mais recentes neste contexto, é aquela realizada
por Dean Radin (1996). O pesquisador procurou verificar se imagens "extremas"
(violentas e eróticas), que seriam apresentadas aleatoriamente
aos sujeitos experimentais poderiam provocar respostas fisiológicas
diferentes da apresentação de imagens de conteúdo
rotulado como "calmo", antes de sua apresentação.
Foram apresentadas 1060 imagens-alvo a 31 participantes em 4 experimentos.
A hipótese foi confirmada, posto que as respostas fisiológicas
seguiram a tendência apresentada pelas imagens um segundo antes
das mesmas serem apresentadas (z = 4.9, p=9.6 x 10 -7).
Nas últimas décadas, tem-se investigado as relações
entre psi e algumas variáveis ambientais, sobretudo a influências
dos campos geomagnéticos sobre a performance dos sujeitos submetidos
a experimentos ESP. Entretanto, uma tendência crescente nos últimos
5 anos tem sido a de verificar como tais variáveis poderiam influenciar
a performance psi das pessoas em situações cotidianas,
mas nem por isso pouco controladas. Uma das pesquisas com este encaminhamento
também foi realizada pelo Dr. Dean Radin e por Jannine Rebman,
chamada Procurando Psi no Cassino (Radin e Rebman,
1996). Os pesquisadores foram inspirados pela idéia de
que os cassinos representam uma situação experimental
ideal, onde milhares de pessoas estariam motivadas, participando de
uma situação controlada contra a fraude. Se psi existe,
talvez a situação de jogo seja o momento em que ela possa
estar atuando de forma mais intensa. Seguindo esta hipótese,
os pesquisadores se perguntaram se haveria ciclos de pagamentos feitos
pelos cassinos e, se estes existissem, se haveria fatores relacionados
a eles. A questão aqui é de se encontrar períodos
em que os cassinos perdem mais dinheiro, ou seja, períodos em
que os apostadores ganhariam mais dinheiro. Se estes períodos
fossem estáveis em relação a algum fator poderia
se descobrir alguma variável de interferência constante
em psi. O resultado da pesquisa demonstrou que havia um ciclo regular
de maiores índices de ganhos por parte dos apostadores, que correspondiam
exatamente ao ciclo lunar. Assim, com a proximidade da lua cheia, os
apostadores tendiam a ter seus palpites para jogos mais corretos que
nos demais períodos. A interpretação dos resultados
foi feita em função da presença de um campo geomagnético
mais ‘estável’ durante tais fases da lua. Outras
pesquisas já haviam demonstrado a influência de tais campos
na performance ESP nesta direção tanto em casos espontâneos
quanto em pesquisas experimentais (Persinger,
1985; Lewicki, Schaut e Persinger, 1987, Spottiswoode, 1990; Gissurarson,
1992; Radin, 1992, 1993) e, inversamente, em PK, que ocorreria
com maior freqüência em momentos em que o campo geomagnético
estaria mais ‘ativo’ (Gearhart e Persinger,
1986). Alguns pesquisadores têm voltado sua atenção
a experimentos realizados em décadas em que não se tinha
a intenção de verificar a correspondência entre
performance psi e os campos geomagnéticos. Fazendo as correlações
entre tais índices descobriram que houve
correspondência entre eles em pesquisas realizadas por Rhine e
associados, nas pesquisas de sonhos telepáticos realizadas no
Maimonides Medical Center e ganzfeld, entre outras.
As pesquisas citadas acima oferecem
ao interessado uma razoável visão panorâmica do
que tem sido feito em Parapsicologia de forma empírica
nos últimos anos. De forma alguma as informações
estão completas ao ponto de se prescindir outras fontes não
mencionadas aqui.
6. Onde se quer chegar?
A experimentação realizada em Parapsicologia
tem um objetivo bem definido: encontrar uma teoria suficientemente ampla,
que possa ser adotada para a compreensão tanto dos resultados
das pesquisas de casos espontâneos quanto para as experimentais.
Ou seja, uma teoria geral para psi. A abrangência da teoria deve
estar aliada à sua testabilidade, e portanto,
oferecer postulados claramente formulados de modo a inspirar e possibilitar
novos estudos que a comprovem, a modifiquem ou a refutem (Zangari,
1995, p. 26).
Na verdade, até o momento o modelo
mais bem aceito por sua abrangência e por ser experimentalmente
testável é o Modelo de Resposta Instrumental Mediada por
Psi, ou PMIR (do inglês, psi mediated instrumental response
model). Esse modelo, formulado por Rex Stanford (1990), postula
que o ser humano rastrea o meio ambiente à procura de informações
que possam ser úteis para a satisfação de suas
necessidades psicológicas e biológicas. Essas informações
levariam-no a respostas instrumentais, ou seja, a tomadas de atitude,
como mudança de caminhos habituais para evitar acidentes, por
exemplo. Stanford sustenta que psi é uma função
psicofisiológica insconsciente a serviço da adaptação.
Assim, estaríamos utilizando psi sempre que necessário,
sem nos darmos conta disso. Os estudos realizados para testar o modelo
envolvem situações em que o sujeito tem que utilizar -
e efetivamente utiliza - a ESP sem saber, ou seja, não intencionalmente
por uma questão de adaptação ou, em última
instância, sobrevivência. Um exemplo documentado é
o caso de precognições ou simulcognições
a respeito do afundamento do navio Titanic em abril de 1912, que levou
à morte cerca de mil e seiscentas pessoas. Ian Stevenson (1960,
1965) coletou dezessete casos desse tipo, sendo que sete ocorreram na
noite do desastre; quatro, dez dias antes e seis, de um a dez meses
antes da tragédia. Um engenheiro naval recusou um alto posto
no Titanic por ter previsto extra-sensorialmente o naufrágio,
salvando, assim, sua vida, como o fizeram outros passageiros que decidiram
não embarcar para aquela viagem pelo mesmo motivo.
Existem outros modelos que priorizam
os processos cognitivos relacionados a psi. Um dos mais importantes
é Modelo de Processamento de
Informações, de Harvey Irwin (1979). Irwin propõe
que traços de memória correspondentes a informações
enviadas pelo agente seriam evocadas no processamento das informações
oriundas da ESP. Esse processamento se daria em três estágios,
todos a nível inconsciente: (a) padrão de reconhecimento;
(b) codificação semântica e (c) análise semântica.
Um aspecto importante nesse modelo é a noção de
capacidade de processamento. Supõe-se que essa capacidade seja
limitada. Assim, se o psiquismo estiver ocupado com algum processamento
importante, as demais informações deverão esperar,
correndo o risco de serem perdidas.
Apesar de promissores, modelos como estes carecem de
comprovação empírica, apesar de o modelo PMIR ser
o mais bem aceito, o mais discutido nos últimos vinte anos e
o que tem apresentado mais dados empíricos.
O modelo de redução de ruído desenvolvido por Honorton
(1974) e Braud (1975) é o que tem alcançados os melhores
resultados experimentais a nível estatístico e qualitativo.
A idéia básica é que "ESP é
facilitada pela redução de outras fontes de estímulos
internas ou externas competidoras ou ‘ruídos’, e
pela atenção aos processos internos de pensamento"
(Edge et al., 1986, p. 193). As pesquisas
que envolvem estados alterados de consciência, como as que fizeram
uso do relaxamento progressivo (Braud & Braud,
1974), da técnica ganzfeld (Honorton,
1985) e dos sonhos (Ullman, Krippner &
Vaughan, 1973) são clássicas e têm por base
o modelo de redução de ruído.
Além dos aspectos relacionados à forma
de processamento de informação a nível psicológico
e às funções do mesmo no organismo, uma outra faceta
de psi também tem sido investigada: questões físicas
relacionadas ao modo como a informação psi chega
até o sujeito ou sai dele. Várias teorias
físicas têm sido postuladas: teorias de campo (Berger,
1940; Roll, 1966); conceitos multidimensionais (Broad,
1967; Dunne, 1927/1958; Hart, 1965; Smythies, 1967); teorias
de ressonância (Marshall, 1960);
teorias eletromagnéticas (Chari,1977; Vasiliev,
1976; Kogan, 1967; Persinger, 1979), teorias observacionais (Walker,
1975; Schmidt, 1975).
Como já mencionamos, pesquisas recentes indicam
a influência do campo geomagnético na performance de sujeitos
que participam de experimentos extra-sensoriais, como ganzfeld, por
exemplo. Melhores resultados nesses tipos de experimentos são
obtidos quando o campo geomagnético está calmo, isto é,
sem grandes perturbações (Radin,
1997; Dalton & Stevens, 1996; Radin, McAlpine & Cunnigham, 1994;
Becker, 1992). Pesquisas também exploram a influência
dos campos geomagnéticos na atividade da glândula pineal,
uma vez que há evidências de que essa glândula possivelmente
estaria relacionada com um estado psi-conducivo consciente (Roney-Dougal
& Vogl, 1993). Apesar das evidências quanto à
influência direta do campo geomagnético na perfomance psi,
há consenso na área de que ainda carecemos de pesquisas
sobre o assunto para melhor averiguar essa questão.
As teorias observacionais são as mais bem aceitas
e as que contam com maior número de dados empíricos a
seu favor. Basicamente, as teorias observacionais postulam que a consciência
pode interferir sobre o mundo físico através do chamado
colapso do estado de vetor. O colapsamento
seria feito basicamente por processos psicocinéticos. As demonstrações
experimentais desenvolvidas por Schmidt (1976) têm dado algum
subsídio empírico à teoria observacional. Entretanto,
ele próprio e a maioria dos investigadores também afirmam
que as demonstrações são insuficientes e mais pesquisas
são necessárias.
7. Algumas relfexões sobre o tema exposto
De acordo com a Teoria dos Sistemas, as condições
para a permanência sistêmica são: (a) sensibilidade
ao meio; (b) capacidade de estocar informações e (c) capacidade
de elaborar informações. Em tese, a ESP seria projetada
para detectar informações potencialmente disponíveis
aos sentidos, mas que no momento não
estariam disponíveis devido a contrastes de tempo e espaço
(Braud, 1982, p.16). Em que pese ainda
não consigamos dominar essa capacidade extra-sensorial inerente
ao ser humano - e talvez a outros animais - para utilizá-la tecnologicamente,
dados colhidos através das pesquisas sugerem que a ESP estaria
à serviço da adaptação e/ou sobrevivência,
como postula o modelo PMIR de Stanford, e talvez ela sirva principalmente
como uma espécie de amortecedor que prepara a recepção
de informações impactantes. Assim, a ESP seria um componente
importante para a autonomia sistêmica do ser humano, portanto
um dos aspectos responsáveis por sua permanência. Se essa
permanência se estenderia para além da vida biológica
é uma questão polêmica. Lembremos, porém,
que a Parapsicologia lida, em princípio, com hipóteses
que pressupõem o ser humano vivo.
É preciso considerar, porém, que embora
os sistemas tendam à conservação, há momentos
em que se observa uma tendência à destruição.
Se a ESP está a serviço da sobrevivência, por que,
então, pessoas que viajam justamente em navios que afundam ou
trens que descarrilam? O fato é que não se sabe porquê,
mas há momentos em que se observa uma tendência à
auto-destruição, fruto de mecanismos sutis que escondem
algo muito forte por detrás, mas que ainda não conseguimos
compreender.
Sistemas fechados estão fadados a desaparecer,
pois sem a troca de informações com outros sistemas, não
conseguem adquir a autonomia necessária para permanecer. O ser
humano está longe de ser um sistema fechado. De acordo com o
que foi exposto no decorrer deste trabalho, ainda que ele queira fechar-se
em si mesmo, isolar-se, não deixa de ser um sistema aberto -
para não dizer, por vezes, escancarado. É
certo que há pessoas que apresentam uma propensão maior
a ter experiências extra-sensoriais do que outras. Rhine, porém,
já havia demonstrado na década de 1930 que a ESP é
uma capacidade ou função humana que
pode manifestar-se em maior ou menor grau, dependendo de uma série
de fatores. Há até quem diga que nunca passou por nenhuma
experiência desse tipo. Como foi visto, em pinceladas, traços
de personalidade, crença e contexto são fatores fundamentais
para a ocorrência da ESP. O fato de uma pessoa dizer que nunca
passou por uma experiência psi poderia ser comparável ao
fato de ela dizer que nunca sonha, uma vez que ela nunca se lembra de
sonho algum ao acordar. Já se sabe que "o sonho
é o guardião do sono" e acontece todas as
vezes que dormimos. O fato de não nos lembrarmos do que sonhamos
está relacionado a questões psicológicas profundas,
discutidas por Freud (1900). Talvez por questões relacionadas
a cultura, a crenças pessoais ou até mesmo a traços
de personalidade, há pessoas que não prestam atenção
ou "eliminam" ocorrências diárias que poderiam
estar relacionadas a interações extra-sensoriais. Além
disso, há que se considerar que não só
de experiências ultra-impressionantes vive a ESP.
Vale lembrar também que
a sensibilidade de um sistema ao meio nunca é total, pois há
uma espécie de filtro que seleciona o que teoricamente seria
mais importante para a sua permanência. No caso dos seres humanos
e da ESP, esse filtro garantiria, por exemplo, que não ficássemos
expostos a todas as informações sobre eventos futuros,
pois isto causaria muito sofrimento. Aliás, este é,
em geral, o maior medo das pessoas que têm experiências
precognitivas com freqüência: sofrer por não conseguir
evitar eventos trágicos previstos por elas.
Do ponto de vista cognitivo, informação
consiste em algo selecionado de acordo com o grau de importância
de seu conteúdo. Essa importância é medida de acordo
com a significação pessoal emprestada ao conteúdo
da informação. Na Teoria da Informação (Shannon
e Weaver, 1949), Shannon postula que a informação
seria inversamente proporcional à probabilidade de sua ocorrência.
Ele definiu a entropia de um determinado sistema como
a média da probabilidade de ocorrência de todos os eventos
possíveis em um sistema. Nesse caso, então, entropia é
definida como a medida de nossa incerteza ou falta de informação
sobre um sistema (May et al., 1994, p. 388).
É verdade que as experiências de ESP constantes nas coleções
de caso e nos levantamentos de dados envolvem, em sua maioria, acontecimentos
inesperados e quase sempre trágicos, relacionados, com freqüência,
a pessoas afetivamente próximas. É verdade também
que os experimentos de respostas livres, como ganzfeld, por exemplo,
apresentam melhores resultados quando os alvos utilizados correspondem
a cenas de alto impacto emocional. Mas não podemos nos esquecer
que há eventos psi que envolvem informações triviais,
às vezes relacionadas a pessoas não tão próximas
afetivamente. Apesar disso, é inegável que o fato de passar
por uma experiência desse tipo pode ser tão
curioso que marca profundamente, se não pelo impacto emocional,
pelo inusitado da vivência. É importante lembrar, porém,
que o que é considerado inusitado em uma cultura, pode não
sê-lo em outra. Considerando todos esses pontos, poderíamos
nos perguntar: será que a entropia de Shannon pode ser realmente
aplicada a todos os sistemas abertos em todas
as situações que envolvem informação?
De um modo geral, mensagens inusitadas
chamam a atenção ao surgirem, mas não garantem
memória se não forem reforçadas, repetidas.
Isto significa que podem ser esquecidas porque não ganham em
importância. Se, por exemplo, alguém sonha com um acidente
e acorda sobressaltado pelo conteúdo do sonho, mas efetivamente
esse acidente não acontece, tendo apenas servido de dramatização
para um pesadelo, a tendência é que essa pessoa acabe se
esquecendo desse sonho. Mas, ao contrário, se a cena do sonho
se repete na realidade, há um reforço da informação.
Nessa perspectiva, pode-se dizer que toda experiência de ESP precognitiva
implica em pelo menos uma repetição ou reforço
informativo. Segundo Braud (1982, p. 16), "psi participa
de experiências de redundância antecipadora".
Especulativamente podemos dizer ainda que, do ponto de vista fenomenológico,
ou seja, do ponto de vista do sujeito, toda experiência extra-sensorial
é precognitiva. Isto é, se considerarmos o tempo como
linear, o sujeito só tomará contato com a confirmação
de sua experiência extra-sensorial no futuro, portanto, só
nesse momento essa informação psi passará a existir
para ele como fato real, ainda que o fato ao qual essa informação
se relaciona tenha acontecido no passado ou concomitantemente ao recebimento/captação
da mensagem via ESP.
Um segundo postulado de Shannon diz respeito à aditividade
de informação, ou seja, à probabilidade de um signo
ocorrer devido ao fato de um outro signo ter ocorrido antes (probabilidade
condicional). Como Peirce (1995) propõe, haveria uma gramática
que regulamentaria o arranjo de signos, formando uma cadeia informativa
que resultaria no que chamamos de mensagem. Dentre os casos analisados
por Louisa Rhine, há alguns que trazem na forma como a ESP se
manifesta - por exemplo, no sonho - elementos carregados de um significado
imputado por meio de relações estabelecidas devido a experiências
anteriores. Assim, se alguém sonhou com sapatos
e no dia seguinte recebeu a notícia do falecimento de um parente
próximo, e por um motivo "qualquer" - como se algum
motivo fosse "qualquer" - essa pessoa associa
o sonho com sapatos à morte ocorrida, e esse fato se repete em
uma outra ocasião, constrói-se uma memória que
torna "sapatos" como significante de morte. Assim, pela repetição,
o significante "sapato" se liga definitivamente ao significado
"morte de alguém afetivamente próximo". O
signo deixa o intérprete suprir sua necessidade. O signo
se acerca do real e "provoca" a representação.
No caso do exemplo apresentado, provavelmente quando a ESP for entrar
em ação na vida dessa pessoa através dos sonhos
para indicar a morte de alguém próximo, o fará
"calçada".
Ainda a nível simbólico,
pode-se dizer que as manifestações da ESP parecem estar
intimamente relacionadas com os modelos de processamento mental de informações.
Isto significa que, dependendo de seu estilo cognitivo, cada indivíduo
se utilizaria de códigos internos ou traduções
de informações próprias durante o processo de conhecimento
extra-sensorial. É claro que o uso desses códigos, tanto
em relação às situações sensoriais
como às extra-sensoriais dependeria do contexto, mas pesquisas
demonstram que, de acordo com traços de personalidade e contexto
cultural, há uma tendência maior para a utilização
de um desses códigos (Weiner, 1982).
O respeito ao estilo cognitivo dos sujeitos experimentais pode contribuir
para melhores resultados nas pesquisas de laboratório. É
claro que há a dificuldade da investigação desses
processos internos de coding preference, mas aí
parece se abrir um caminho para facilitar uma boa performance em tarefas
extra-sensoriais controladas.
A nível de significação social, a vivência
de uma experiência extra-sensorial pode influenciar profundamente
a vida de quem passa por elas, influência esta que se reflete
em suas relações com as pessoas que a cercam e a relação
consigo mesma. No primeiro semestre de 1994, os autores deste artigo
realizaram uma pesquisa de levantamento de dados preliminar entre estudantes
universitários brasileiros a fim de verificar a incidência
e a relevância social das chamadas experiências psi em sua
vida cotidiana. Esse estudo consistiu na aplicação de
um questionário de 72 itens a 181 estudantes universitários
da Universidade Anhembi Morumbi. Desses 72 itens, os 45 primeiros foram
traduzidos e adaptados à cultura brasileira de um questionário
aplicado por John Palmer (1979) a estudantes universitários e
moradores da cidade de Charlotesville, Virgínia, EUA. Os demais
itens são provenientes da Dissociative Experience Scale
(DES), de 1986, que foram incluídos nesse estudo para análise
e correlações posteriores. Em termos gerais, para o estudo
preliminar somente foram consideradas as questões que focalizavam
a incidência e a importância das experiências parapsicológicas
na vida cotidiana dos estudantes. É importante lembrar que o
fato de uma pessoa passar por uma experiência parapsicológica
não significa que ela tenha realmente vivenciado um fenômeno
parapsicológico. A interpretação daquilo que ela
viveu pode estar equivocada. Porém, o simples fato de ela acreditar
que o evento por ela vivido tenha algo de parapsicológico pode
também trazer grandes transformações para sua vida.
Lembrando o que diz Buckley:
"O fato de um sistema ser aberto significa não
apenas que ele se empenha em intercâmbios com o meio, mas também
que esse intercâmbio é um fator essencial, que lhe sustenta
a viabilidade, a capacidade reprodutiva ou continuidade e a capacidade
de mudar." (Buckley, 1976, p. 81)
Como resultado geral desse estudo, obtivemos que 89,5%
dos 181 respondentes alegaram já ter vivenciado pelo menos uma
experiência parapsicológica, sendo que 64% tiveram algum
sonho que julgaram ter algum conteúdo parapsicológico,
entre outras experiência de ESP. Como se isto não bastasse,
relataram que essas experiências tiveram grande importância
em suas vidas, influenciando sua visão de mundo e a tomada de
decisões, além de determinar mudança de atitudes.
Levantamentos de dados realizados em outros países também
demonstram que as experiências parapsicológicas
desempenham, de um modo geral, um papel fundamental na vida das pessoas
que as vivenciam. Há religiões e seitas que foram fundadas
com base em experiências que foram interpretadas como revelações
espirituais ou divinas, mas que poderiam ser encaradas do ponto de vista
parapsicológico. (Zangari, 1996)
A magnitude da repercussão
social das experiências psi varia de cultura para cultura, Como
já foi dito, no Ocidente, muitas das experiências parapsicológicas
renderam penas e internações em manicômios. Mas,
no Oriente, onde a prática da meditação é
mais cultivada e a introspecção valorizada, essas experiências
são encaradas como que reflexos de nossa pertinência ao
todo, portanto, de nossa conexão cósmica com tudo o que
nos cerca. Portanto, os orientais de modo geral parecem encarar essas
experiências de forma mais tranqüila e natural do que os
ocidentais. Portanto, o modo como as religiões e a sociedade
- vale dizer, em especial, as universidades - encaram essas experiências
traz conseqüências profundas e marcantes para a vida do ser
humano que as vivencia.
8. Comentários Finais
É lamentável que o estudo de aspectos
humanos ainda obscuros seja negligenciado devido a preconceitos.
Há ainda muito a ser conhecido. Não somos senhores do
universo, nem dominamos o conhecimento de forma plena. A natureza não
é simples e tem ainda muito a nos ensinar, com certeza. Nós,
seres humanos que dela fazemos parte, guardamos ainda segredos sobre
nossa essência e funcionamento.
É comum encontrar pessoas que
preferem jogar fora a criança com a água do banho
quando se deparam com situações desconcertantes, que à
primeira vista não têm explicação plausível
e parecem fugir às possibilidades de produção humana.
Há fenômenos ou vivências que seriam impossíveis
de ocorrer de acordo com os padrões científicos vigentes.
Mas, se eles acontecem, que fazer? Negá-los ou negligenciá-los
porque não se enquadram na visão de mundo cartesiana que
ainda prevalece? Assim o fazem muitos cientistas, que se desconsideram
a existência de um jogo criativo e complexo entre os sistemas
vivos e as leis da natureza regido por uma gramática que não
é estritamente mecanicista.
Os estudos sobre a ESP são inúmeros
e trazem informações interessantes acerca da transmissão
de informação de um ponto de vista diferente daquele tratado
formalmente pelas Ciências da Informação, pela Psicologia,
pela Biologia... Ainda que não tenhamos até o momento
uma teoria capaz de dar conta de psi de forma plenamente satisfatória,
não podemos deixar de lado experiências humanas só
porque não se enquadram nos padrões estabelecidos. Se
o conhecimento é feito de ficções coerentes
com o real, e se a própria mecânica clássica
é profundamente ficcional, hipotetizar psi também é
um exercício de ficção que deveria ser bem-vindo.
Esse exercício tem sido realizado de forma eficiente e aplicável,
como fez Newton, ainda que o domínio das possibilidades não
seja perfeito e sempre haja algo escondido por detrás das representações
elaboradas. Há muitas dificuldades a serem transpostas, especialmente
em função do tipo de objeto que se propõe estudar.
Ainda assim existe um crescente número de cientistas que se dedicam
a esse estudo.
Talvez a chave para desvendar
psi esteja contida na proposta de Peirce sobre uma espécie
de mente geral que tudo rege. Segundo ele, o universo como um todo é
capaz de conhecer. Assim, não haveríamos de nos espantar
com os casos coletados por Louisa Rhine, por exemplo. Eles seriam mera
conseqüência dessa totalidade em que estamos inseridos...
De qualquer forma, isto também é ficção.
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