Sempre que lembramos de Jesus, nos vêm a mente a idéia
do amor. Talvez porque destacamos mais aquilo que ainda nos falta.
Entretanto, poucos analisam que o Evangelho não teria o alcance
que tem se Jesus não tivesse, em muitos momentos, usado sua
elevada inteligência.
No Cap. I da 2ª. parte de O
Livro dos Espíritos, Kardec e os Espíritos
analisam uma proposta para a escala espírita de classificação
dos Espíritos em três ordens principais. A primeira
consiste dos que "atingiram a perfeição máxima";
a segunda consiste daqueles em que "o desejo do bem é
o que predomina"; e a terceira consiste daqueles em que
"a ignorância, o desejo do mal e todas as paixões
más (...) os caracteriza."
As duas últimas ordens são subdivididas em classes
de acordo com determinadas características do Espírito.
Em particular, a segunda ordem é dividida em quatro classes,
onde além do sentimento de bondade, um dos aspectos que os
diferencia entre si é o conhecimento das coisas.
O conhecimento sozinho não torna um Espírito bom,
mas para um Espírito que é bom, que tem o desejo do
bem, quanto maior for seu conhecimento e sabedoria, mais coisas
boas ele pode realizar em prol dos semelhantes.
Isso nos permite entender e destacar o papel da inteligência
de Jesus em todos os ensinamentos do Evangelho. Alguns exemplos
são dados a seguir.
Mateus (cap. 22, versículos de 15 a 22) narra um episódio
em que os fariseus desejaram pegar Jesus em contradição.
Propuseram a Ele a questão se era ou não permitido
pagar o tributo a Cesar. Essa questão era uma armadilha contra
Jesus pois dependendo de sua resposta o colocariam em conflito com
os interesses dos Judeus ou dos Romanos. Porém, graças
à sua inteligência, Jesus reverteu a maliciosa questão
num dos ensinamentos mais importantes para a Humanidade.
Outro exemplo é a passagem evangélica em que Jesus
é interpelado por Nicodemos a respeito da forma como alguém
pode nascer de novo (João 3:1 a 12).
A resposta de Jesus, novamente, revela o alcance de sua sabedoria
que envolvia conhecimentos das coisas da vida material e espiritual.
Um outro exemplo significativo é aquele em que escribas e
fariseus levaram uma mulher adúltera até Jesus perguntando
sua opinião sobre a lei de Moisés que recomendava
a lapidação (João 8:3 a 11). Após insistência,
Jesus emana um dos mais belos e profundos ensinamentos do Evangelho:
"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira
pedra." Se pudéssemos nos imaginar na pele de Jesus,
nessas circunstâncias, sem dúvida não saberíamos
como responder a essas questões com a mesma sabedoria.
As parábolas de Jesus podem ser consideradas como verdadeiras
obras pedagógicas da inteligência voltadas para o processo
de educação espiritual e inspiradas pelo mais profundo
sentimento de amor.
Pensemos nisso e junto da recomendação do Espírito
de Verdade de "amai-vos", não desdenhemos da segunda
recomendação: "intruir-vos", incluindo aí
o estudo constante e aprofundado do próprio Espiritismo.