A Religião de Umbanda foi fundada
aqui no Brasil dia 15 de Novembro de 1908, pelo Caboclo das Sete
Encruzilhadas, através do seu médium Zélio
Fernandino de Moraes.
O Caboclo se manifestou em uma sessão Kardecista em Niterói
onde anunciou:
“Venho trazer a Umbanda, uma religião
que harmonizará as famílias e há de perdurar
até o final dos séculos... Amanhã, na casa
onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e
qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente
daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos e nós
aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e
ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum viraremos
as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade
do Pai.”
Assim o Caboclo das Sete encruzilhadas fundou a primeira
tenda de Umbanda, “Tenda Nossa Senhora da Piedade”,
mantida até hoje pela filha de Zélio, Zilméia
de Moraes. Ali mesmo o caboclo previu muitos acontecimentos históricos
que viriam a acontecer como a primeira e segunda grande guerras
e algumas revelações como a de que ele mesmo teria
sido em outra encarnação o Padre Gabriel de Malagrida
sacrificado na fogueira da inquisição por ter previsto
o terremoto que destruiu Lisboa em 1755, em sua ultima encarnação
teve o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro. Assim
temos que a “Umbanda é a manifestação
do espírito para a caridade”, Zilméia,
filha de Zélio de Moraes, afirma que “Umbanda
é Amor e Caridade”. Da casa do Zélio
vieram muitas outras casas que se multiplicaram em outras tantas,
mas muitas outras viriam depois sem nenhuma ligação
material com a primeira, pois a mediunidade surge em todos os cantos
e através dela se manifestam as entidades de Umbanda, independente
dos laços físicos ou iniciações.
O crescimento da Umbanda foi vertiginoso, em sentido horizontal,
sem “Papas”, com pouca hierarquia, sem núcleo,
sem unidade, sem um órgão que unisse a todos, pois
ela simplesmente se manifesta e pede muito pouco para se manter.
A Umbanda não foi codificada, como foi o kardecismo em sua
origem por Hippolyte Leon Denizard Rivail (Livro dos espíritos,
Livro dos médiuns, Evangelho Segundo Espiritismo, O Céu
e o Inferno e A Gênese), a Umbanda foi manifestada e o kardecismo
esclarecido, por isso temos muito a aprender com o Kardecismo sobre
esclarecimento e eles muito a aprender conosco sobre manifestação.
Costumo dizer que se não temos uma “Bíblia Umbandista”,
todos os livros sagrados da humanidade são nossos, para extrairmos
o que eles tiverem de melhor, temos a liberdade de estudar a Bíblia
Cristã, o Tora (Judeu), O Alcorão (Muçulmano),
O Tao Te Ching (Chinês), O Zend Avesta (Persa), Os Vedas (Hindu)
e tantos outros. Não temos 10 mandamentos Católicos,
mas nos basta apenas um mandamento: “Amar ao próximo
como a si mesmo e Deus acima de todas as coisas”.
Não temos sete pecados capitais (gula, avareza, inveja, ira,
luxuria, orgulho e preguiça) porque não acreditamos
em pecado, mas cremos em vicios e virtudes, nos sete sentidos da
vida (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução
e Geração) dentro de nosso livre arbítrio,
onde o que se volta para o ego torna-se vicio. Não temos
dogma nem tabu, pois na Umbanda ninguém é obrigado
a aceitar nada, mas o conhecimento vai sendo absorvido naturalmente
e da mesma forma a própria religião evolui e se adapta.
Umbanda não é uma seita religiosa, Umbanda
é religião, portanto tem seus fundamentos
próprios que devem ser esclarecidos. O conceito de seita
é muito antigo e vem da época em que haviam religiões
oficiais, onde aqueles que se opunham de alguma forma àquela
liturgia, formando grupos discidentes, eram chamados de seitas e
portanto considerados “hereges”, à margem da
sociedade. Hoje em dia o termo seita é muito mais utilizado
para identificar grupos de fanáticos religiosos, que mantém
facções em cima de práticas e conceitos que
vão contra o bom senso comum. A Umbanda não é
um grupo discidente, não surgiu para se opor a ninguém,
não usamos métodos de conversão ou fanatismo
doutrinário, as práticas religiosas jamais poderão
atentar contra o bom senso ou os valores de moral comum. Com base
nestes dados podemos dizer com certeza que Umbanda é
religião e o que está surgindo é uma base umbandista,
com fundamentos umbandistas, diretamente recebidos pela espiritualidade.
O objetivo das religiões é religar o homem
a Deus, simples, cada uma de uma forma diferente, pois
diferentes são as culturas, não existem religiões
melhores que as outras. O Catolicismo é a melhor religião
do mundo para o Católico, da mesma forma o Judaísmo
para o Judeu, o Islamismo para o Islâmico, Budismo para o
Budista, Kardecismo para o Kardecista (embora muitos não
o consideram como religião) e Umbanda é a melhor religião
do mundo para os Umbandistas, ao mesmo tempo uma não é
melhor que a outra, mas satisfazem necessidades sociais, culturais,
grupais e individuais. Podemos e devemos absorver o conhecimento
de outras religiões, ampliando assim nosso universo espiritual.
Na verdade temos a aprender com todos e todos têm a aprender
conosco, quando a única religião for o Amor, o
que existirão serão práticas diferentes deste
Amor, Umbanda é a nossa prática do Amor.
A Umbanda surge da necessidade de uma nova realidade cultural miscigenada,
do encontro destas culturas do índio brasileiro, do negro
africano e do branco europeu somando uma riqueza espiritual muito
grande de um novo povo, que não se enquadra mais nos moldes
clássicos de religiosidade, um povo que não aceita
fronteira espiritual, que não aceita tabus ou dogmas, um
povo que além de tudo isso vive na era da informação.
As práticas da Umbanda são milenares como a defumação,
magia natural e cerimonial, manifestação mediúnica,
adoração às divindades e principalmente o culto
a natureza onde o divino se manifesta em sua forma mais pura, estas
práticas são tão antigas quanto as lendas da
Lemuria e Atlântida, atraindo para a Umbanda espíritos
muito antigos, ancestrais já fora do circulo reencarnacionista,
que adaptam à simplicidade da Umbanda seu conhecimento já
esquecido pela humanidade, verdadeiras egrégoras de remanescentes
de outras religiões extintas na matéria formam linhas
de trabalho dentro da Umbanda. Parece difícil conceber ou
organizar tudo isso, mas “a Umbanda traz em si energia divina
viva e atuante à qual nos sintonizamos a partir de nossas
vibrações mentais, racionais e emocionais, energias
estas que se amoldam segundo nosso entendimento do mundo.”
Cada um ou cada grupo umbandista realiza seus trabalhos,
sessões, segundo seu ponto de vista, sem deixar de ser umbanda.
Cada casa, templo ou tenda é diferente um do outro e todos
são centros ou “igrejas de umbanda”. O
que há em comum é a essência e não a
forma! Mas é tudo muito novo, se compararmos com
outras religiões a Umbanda que tem quase 100 anos não
está nem engatinhando, enquanto muitos acham que ela já
é uma “velha senhora”, tudo está por fazer
na Umbanda, principalmente no campo do esclarecimento da essência.
Muitos estudam a forma, o trabalho realizado dentro do seu grupo
(tenda), quando observam um outro grupo afirmam que o outro não
é Umbanda por ser diferente, este é um comportamento
muito infantil ou de pessoas de má fé, pois: O seu
terreiro é Umbanda, mas, Umbanda é o seu terreiro
e muito mais, é todos ao mesmo tempo e muito mais, pois ela
não está limitada em paredes, ela não está
codificada, ela é livre e esta é uma das maravilhas
da Umbanda. Agora é preciso entendermos a essência
da Umbanda, que são os fundamentos de Umbanda, que só
a espiritualidade pode nos passar.
“Umbanda tem fundamento”
Desde a origem da religião ouvimos falar de “Sete
Linhas de Umbanda” e cada um ensinou o que era sete
linhas da sua forma, mas ninguém havia ensinado o que é
a essência das sete linhas que absorve em si todas as formas.
A espiritualidade através da mediunidade de Rubens Saraceni
nos esclareceu que as Sete Linhas de Umbanda são
as sete vibrações de Deus, pois tudo ele
cria de forma sétupla, como as sete cores do arco íris
em sintonia com nossos sete chacras. Isto é essência
pois na forma para os que acham que sete linhas de Umbanda são
Sete Orixás, dizemos sete Orixás são manifestadores
de sete vibrações, outros acham que sete linhas de
Umbanda são sete santos católicos, dizemos sete santos
se manifestam em sete vibrações, outros dizem que
sete linhas de umbanda são sete cores do arco íris
e dizemos sete cores do arco íris é a manifestação
visual das sete vibrações de Deus, outros ainda dizem
que sete linhas de umbanda são sete arcanjos e voltamos mais
uma vez em sete vibrações de Deus, pois sete linhas
também não cabe em uma forma mas são sim a
essência de tantas interpretações. Quando encontrar
alguém discutindo quais são as verdadeiras sete linhas
de umbanda lembre-se disso: estão discutindo sobre a forma
e a forma pouco importa, cada um faz sob o seu ponto de vista o
que importa é a essência.