O trabalho “A noção
de ciência e educação no Espiritismo”
estuda o Espiritismo, doutrina de teor científico,
filosófico e religioso codificada por Allan Kardec
no século XIX (Allan Kardec é pseudônimo
de Hippolyte Léon Denizard Rivail, cientista, pensador
e educador francês da linha pestalozziana e seguidor
do Catolicismo), apresentando os princípios da doutrina
e também analisando a sua viabilidade como programa
didático-pedagógico. Trata-se de uma pesquisa
teórico-bibliográfica com foco principal nas
obras de Kardec.
O Espiritismo traz ensinamentos sobre o homem, a natureza,
a origem e o destino do mundo, as esferas material e espiritual,
Deus e princípios religiosos cristãos, ditados
pelos Espíritos por meio dos médiuns. Com ênfase
no aspecto da educação moral, enfoca as pessoas
como Espíritos imortais em constante evolução
através das vidas sucessivas (reencarnações).
O Espiritismo surgiu dentro de um amplo movimento espiritualista
da época, que abrangia experiências em magnetismo
e hipnotismo.
Kardec declara ter realizado suas pesquisas pelos moldes da
ciência positivista então predominante, com observações
empíricas e experimentais, dentro do raciocínio
indutivo-dedutivo, portanto, sob o terceiro estado do conhecimento
proposto por Comte (teoria dos três estados). Como todo
o conteúdo do Espiritismo foi ditado pelos Espíritos
manifestantes, diz-se que é uma doutrina dos Espíritos
e não de Allan Kardec.
O Brasil, o maior país espírita do mundo, recepcionou
o Espiritismo principalmente como religião, realizando
ainda, de modo isolado, nos séculos XIX e XX, algumas
experiências na área da educação
escolar. Estas, produzidas por alguns espíritas mais
dedicados, não lograram o efeito duradouro pretendido,
tendo sido frustradas também pela falta de recursos
financeiros e humanos. Hoje, alguns pensadores espíritas
brasileiros tentam elaborar uma proposta educativa espírita,
falando em Pedagogia Espírita. No entanto esses pensamentos,
como estão expostos, parecem inviáveis, mormente
em razão de proporem uma educação escolar
humanista religiosa para o ensino público brasileiro,
que é laico e passa por todo tipo de dificuldades,
principalmente financeiras, tendo sua própria política
direcionada pelo Ministério da Educação
e Cultura. Além disso, o Espiritismo, em si, não
aborda a educação escolar, mas sim a educação
do Espírito, do homem individual, do ser imortal, cuja
meta é, em vidas sucessivas, formar-se moralmente e
atingir a perfeição, indo ao encontro de Deus.
Portanto um projeto de Pedagogia Espírita para a rede
escolar pública brasileira carece de estudos, análise,
financiamento e principalmente de experiências práticas
e concretas que venham a configurar o Espiritismo como uma
práxis efetiva viável no âmbito didáticoescolar.