Diferentemente dos orientais, nós, os representantes da chamada
civilização ocidental, dificilmente nos dedicamos
a aprofundamentos em torno das imensas potencialidades mentais de
que dispomos.
A ciência acadêmica, materialista por excelência,
estabelece que o pensamento é um fenômeno meramente
fisiológico, decorrente da incessante atividade neuronial.
Em tempos idos, acreditávamos que os pensamentos que emitíamos
eram de nossa exclusiva propriedade, razão pela qual permaneceriam,
por assim dizer, encarcerados em nossos cérebros.
Entretanto, nascida em berço europeu, a Doutrina Espírita
fez surgir, sobretudo pelas vias da razão, um novo
conceito daquilo que reputamos como sendo o mais importante atributo
do Espírito.
A questão 833 de O Livro dos Espíritos nos
esclarece que é pelo pensamento que o homem desfruta de uma
liberdade sem limites. A problemática que então
se estabelece é a de não avaliarmos, com total exatidão,
a verdadeira amplitude das conseqüências de nossas produções
mentais.
André Luiz, em sua obra Mecanismos da Mediunidade, psicografada
por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, nos afirma que
pensar é o
ato de emitir matéria mental. Assim sendo, o pensamento
deixa de ter um aspecto de invisibilidade para assumir a condição
de matéria em movimento. Mas... de que modo isso se processa?
Recorrendo novamente à primeira obra basilar do Espiritismo,
verificamos que Kardec, em nota correspondente à questão
495, nos esclarece que é exatamente através
do fluido cósmico (presente em todo o universo)
que os corpúsculos mentais se movimentam.
Por certo, não conseguimos visualizá-los com nossos
olhos grosseiros, apenas lhes sentimos os resultados, da mesma forma
como divisamos claramente a luz do sol refletida na Terra, mas,
nunca, a movimentação das partículas que lhe
deram origem.
Importante ressaltar que, em virtude das ondas emitidas por sua
mente, o homem se mantém enclausurado nas zonas inferiores
da vida carnal, acometido por diversos males, de ordem física
e psíquica, decorrentes das vibrações deletérias
com as quais se ajusta.
Todavia, é também a partir do pensamento que todos
nós, seres eternos que somos, nos candidatamos aos mais altos
vôos em direção ao sublime caminho de luz que
nos cumpre trilhar.
Ademais, bem sabemos que toda vibração, de qualquer
matiz, ao ser lançada no espaço, certamente há
de influenciar tantos outros seres, encarnados e desencarnados,
que, conscientemente ou não, nutrir-se-ão das mesmas
emanações, num fenômeno natural de afinização.
Lembremo-nos, finalmente, que a tão falada reforma íntima,
que se traduz por constante renovação de atitudes,
inicia-se, incontestavelmente, pela reformulação
lenta e gradual de nossa vida mental.
Artigo publicado originalmente no Jornal
"A Senda", Vitória, Espírito Santo, em edição
de Fevereiro de 2003
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Allan Kardec, no livro
“O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”
(cap. XXVII, item 10):
“O Espiritismo nos faz compreender a ação
da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento,
seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando
o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre
nesse caso, é necessário imaginar todos os seres,
encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que
preenche o espaço, assim como na terra estamos envolvidos
pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade,
pois é o veículo do pensamento, como o ar é
o veículo do som, com a diferença de que as vibrações
do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal
se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para
algum ser, na terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado,
ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um
a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção
com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos
ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar
onde se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre
si, que nos transmitem suas inspirações, e que as
relações se estabelecem à distância entre
os próprios encarnados”.