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Resumo
Os seres humanos evoluíram em etapas, de modo que nossa consciência
desenvolveu três componentes centrais – aprendizagem processual
de hábitos e habilidades, aprendizagem semântica de fatos
e proposições e autoconsciência de uma identidade
que se desenvolve ao longo do tempo e do espaço. Conse quentemente,
a consciência humana implica o crescimento de nossa subjetividade,
integrando esses três aspectos da aprendizagem e da memória.
A psiquiatria contemporânea é substancialmente comprometida
por um viés antiespiritual que está implícito nas
abordagens operacionais de diagnóstico, pesquisa e tratamento.
A subjetividade humana não pode ser devidamente desconstruída
em uma coleção de objetos independentes entre si, livres
de qualquer contexto psicossocial, tal como a que é habitualmente
assumida em uma abordagem do tipo “menu chinês” utilizada
para o diagnóstico e entrevistas estruturadas. Perspectivas materialistas
predispõem os indivíduos a assumirem uma visão
de separação que compromete o bem-estar tanto dos profissionais
de saúde mental quanto de seus pacientes. O progresso no diagnóstico
psiquiátrico, bem como nas formas de tratamento, requer abordagem
centrada na pessoa, capaz de respeitar e valorizar a subjetividade humana
e promover o cultivo de virtudes tais como esperança, amor e
coragem, bem como o uso criterioso de outros métodos psicobiológicos
de tratamento. O funcionamento saudável requer o desenvolvimento
da autotranscendência, além do autodirecionamento e da
cooperatividade. Sem a autotranscendência as pessoas estão
consumindo mais recursos do que a terra pode repor.
A busca do bem-estar individual, na ausência do bem-estar coletivo,
é uma ilusão autodestrutiva. Consequentemente, a psiquiatria
contemporânea precisa centrar sua atenção na compreensão
da consciência humana por meio de uma via ternária equilibrada,
em vez de tentar reduzir as pessoas a objetos materiais separados.
Cloninger CR / Rev Psiq Clín.
2013;40(3):110-3
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