Existe na nossa sociedade de cultura ocidental judaico-cristã
um trauma, ou seja, o do pavor que a sociedade tem de ver uma
mulher solteira ficar grávida e, conseqüentemente,
o de ela vir a ter um filho. É que o judaísmo e
o cristianismo sempre condenaram exageradamente a sexualidade
fora do casamento. No entanto, antes de haver religiões
e casamentos no mundo, nossos ancestrais já tinham seus
filhos, sem o que não poderíamos existir!
Deixando de lado esses traumas de pecados da sexualidade fora
do casamento, presentes ainda em nosso inconsciente coletivo,
e que foram e são ainda responsáveis por tantos
abortos, convém dizer aqui que o aborto constitui falta
grave contra as leis espirituais divinas e naturais.
Há dois tipos de vida, ou seja, a vida em estado potencial
e a vida atualizada. Um grão de feijão é
uma vida em estado potencial de um pé-de-feijão.
Ao ser colocado na terra úmida, ele brota e se torna a
vida atualizada de um pé-de-feijão, mesmo ainda
antes de ele chegar à superfície da terra. Também
com relação aos seres ovíparos que nascem
de ovos, podemos dizer que essas duas vidas existem. Por exemplo,
o ovo galado de galinha é uma vida de um pintinho, mas
apenas em estado potencial. Esse ovo só vai se tornar uma
vida atualizada de um pintainho, depois de ser submetido a uma
temperatura apropriada debaixo duma galinha ou numa chocadeira,
pelo tempo de 21 dias. Assim, pois, a destruição
de um ovo, mesmo galado, não é a destruição
da vida de uma avezinha, a qual, por enquanto, só existe
no ovo em estado potencial.
Mas como a mulher não é ovípara, a vida do
feto nela é atualizada dentro dela mesma, desde o instante
da concepção. Conseqüentemente, se ela eliminá-lo,
mesmo que ele seja ainda um embrião, ela está destruindo
uma vida humana já atualizada, cometendo, pois, um infanticídio
e se tornando uma verdadeira assassina do seu próprio filho
inocente e indefeso, quando ela, até pelo instinto, deveria
protegê-lo!