Será que nós, espíritas, damos ao Espírito
Maria, que foi mãe de Jesus encarnado, o valor que ela merece?
Você acha que pelo fato do catolicismo fazer
aquela reverência exagerada a Maria, na prática da Mariolatria,
citando-a mais do que ao próprio Jesus, represente motivos para
pessoas de outras crenças e filosofias, não católicas,
obviamente, fazerem restrições a esse espírito
que Deus confiou a missão de ser a mãe de Jesus quando
encarnado?
Nos segmentos protestantes é muito comum a gente ver aquela reação
terrível. Qualquer personalidade do velho testamento é
mais importante do que Maria, qualquer personalidade do Evangelho, dos
atos dos apóstolos e das epístolas é mais importante
que Maria. Pouco se ouve, em uma igreja protestante, a escolha de um
trecho do Evangelho, (já que os pastores escolhem a bel prazer
o trecho da Bíblia que deve ser o assunto do culto), que tenha
alguma citação de Maria.
Inclusive eu tive a infeliz oportunidade de ouvir, certa vez, em Belém
do Pará, um pastor maluco, que fazia um programa numa emissora
de rádio daquela cidade, conclamar o seu povo a sair à
rua para quebrar a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, no segundo
domingo de outubro, quando se pratica a maior romaria católica
do Brasil, que é o Círio de Nazaré, que sempre
coloca mais de um milhão de pessoas na rua, numa movimentação
religiosa gigantesca.
O fato não se consumou por causa de uma eficiente ação
da polícia que agiu, com muita cautela e prudência, no
local onde os que “aceitaram Jesus” estavam se reunindo.
Se a coisa fosse levada em frente, certamente seria uma tragédia,
por irresponsabilidade de um religioso insensato.
E no movimento espírita, como é
a relação dos espíritas com Maria?
Em princípio vamos relembrar Chico Xavier, um nome extraordinário
que Deus nos privilegiou em fazê-lo encarnar em nosso País
e que serviu para todos nós como um exemplo de amor. Chico sempre
se dirigiu a Maria com muito respeito, carinho, afeto e devoção.
Nunca deixou de ser espírita por causa disso, muito menos de
ser médium. Nunca deixou de ser fiel a Kardec, mesmo porque o
seu espírito orientador, o Emmanuel, que fora padre em encarnação
passada, fez questão de orientá-lo nos primeiros momentos
da relação de ambos, quando lhe deu conhecimento da obra
que seria passada ao mundo pela sua mediunidade: “Se eu lhe passar
algum conceito que lhe deixe alguma dúvida, fique com Kardec”.
Só que no movimento espírita
você não encontra, ou encontra muito raramente, esse respeito
e consideração a Maria, como Chico teve e como ela merece.
Não estou falando em idolatria nem reverências exageradas,
como fazem os católicos, estou falando em respeito e tratamento
a um espírito que há dois mil anos esteve aqui, ainda
mais na condição de mãe do próprio Jesus,
posição que não é pra qualquer um.
Talvez alguns queiram argumentar que ela não valorizou o seu
filho o quanto deveria ter valorizado e que, inclusive, ele não
dera bola para ela e seus irmãos, naquele momento do Evangelho
em que foram chamá-lo, para atendê-los, quando ele respondeu
com o: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?”,
citação que todo espírita conhece.
E daí? Ela teria que ser a perfeição absoluta?
E você, que busca este argumento, por acaso valoriza os seus entes
mais próximos o quanto deveriam ser valorizados? Ama-os o quanto
deveria amá-los? Não esqueça do ditado popular
que todos nós praticamos, em relação aos nossos
entes: “santo de casa não faz milagres”, relembrando
que quem não os deixa brilhar somos nós mesmos. Como é
que poderíamos querer exigir esta perfeição dos
outros?
Registramos casos de expositores serem criticados e até afastados
de palestras de centros espíritas, pelo fato de terem citado
Maria, com o valor que ela merece.
Pessoas são chamadas atenção, em vários
centros espíritas, porque proferem preces citando Maria. Há
cobranças a determinados espíritas, pelo fato de terem
em suas casas algum quadro na parede com um retrato de Maria ou, principalmente,
alguma imagem de uma das inúmeras representações
dela. Acham sempre que essas pessoas não são espíritas
ou que estejam enxertando o catolicismo no Espiritismo.
Eu já vi um espírita receber a determinação
da diretoria do centro, onde trabalhava, para que retirasse um adesivo
da imagem de Nossa Senhora Aparecida do vidro do seu carro.
Por que essas coisas acontecem? Que segurança doutrinária
é essa, das pessoas que agem com tanta intolerância?
É claro que um espírita consciente jamais rezará
uma “... Santa Maria, mãe de Deus...”, porque ela
de fato nunca foi mãe de Deus e sim de Jesus. Claro, não
podemos nos curvar aos equívocos católicos, em que pese
encontrarmos, por incrível que pareça, espíritas
orando, em alguns centros (poucos, é claro, mas existem) até
mesmo o“Credo”, dizendo “creio na “santa”
igreja católica, na comunhão dos anjos, na remissão
dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna,
amém.”
É um absurdo e é coisa de gente que ainda não entendeu
o que é o Espiritismo.
Mas daí a tratar o Espírito Maria sem o devido valor,
é lamentável.
Temos carinho especial por Paulo de Tarso, muito citado por nós
espíritas, que sem dúvida tem o seu valor, por tudo que
fez pela difusão do Evangelho. Todavia não podemos considerar
que no tempo de Jesus ele ainda era um homem que matava e mandava matar,
como fez com Estevão. Maria já era a mãe de Jesus.
Amamos intensamente o nosso querido Emmanuel que, na época de
Jesus foi o Senador romano Públio Lentulos.
Temos carinhos especiais por espíritos que hoje são, de
fato, trabalhadores e benfeitores na causa espírita, mas que
bem depois de Jesus promoveram atos não muito recomendáveis,
quando Maria, há séculos e séculos atrás,
já era um espírito de amor.
Será que não dá pra nós espíritas
analisarmos com mais carinho a realidade desse espírito?
Não precisa enaltecê-la com aquela conversa de virgindade
não, que aquilo ali é uma das maiores bobagens que a igreja
já inventou, mesmo porque a presença ou ausência
de hímen não tem absolutamente nada a ver com a dignidade
ou qualquer influência moral na mulher.
Tratemos a mãe de Jesus pelo menos com o carinho que temos para
com a Meimei, a Sheila, a Joaninha de Ângelis, Amália Domingos
Soler, Maria Angélica e tantos outros espíritos, que animaram
corpos femininos, com tanto amor e tanta dignidade.
Maria não é patrimônio da igreja católica
nem tem qualquer responsabilidade pelo endeusamento que dão a
ela. É simplesmente um espírito evoluidíssimo que
deve ser considerado por nós no nível em que está,
porque, se foi escolhida por Deus para ser a mãe do próprio
Jesus, o bom senso nos demonstra que um valor muito especial ela tem.
Esteja conosco, Maria.
Alamar Régis Carvalho
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