A pergunta surgiu espontânea
naquele pequeno grupo há pouco tempo formado. Ela assustou
o visitante, que não imaginava uma informação
histórica tão importante fosse ignorada pelo grupo
todo, pois que os demais não souberam também responder.
A ocorrência, contada por uma amiga, chamou-me a atenção.
Percebi outro ângulo de abordagem também necessária
e sempre oportuna. Vamos, então, a uma abordagem rápida
e compacta.
Muitos já ouviram falar, outros talvez ignorem totalmente,
mas a verdade é que a personalidade cujo aniversário
é comemorado na primeira semana de outubro ainda é
um ilustre desconhecido. Imaginam que ele foi algum místico,
líder religioso ou algo parecido. Chegam a pensar que fundou
alguma religião e muitas vezes o desprezam completamente,
justamente por desconhecê-lo. Na verdade, ele foi respeitado
professor em sua época.
Homem de princípios rígidos, educado em famoso instituto
educacional da Suíça, observador atento que buscava
razões para fatos e acontecimentos, criterioso pesquisador
e comportamento avesso a práticas místicas ou fantasiosas.
Ao mesmo tempo, porém, personalidade bondosa que chegou a
fundar cursos gratuitos para pessoas carentes. Publicou inúmeros
livros em sua área profissional, que foram inclusive adotados
pelo governo, e tornou-se respeitável figura da sociedade
de sua época.
Casado e sem filhos, aos cinquenta anos foi levado por amigos a
observar estranhos fenômenos que se tornavam moda na França.
Incrédulo a princípio, aplicou os métodos que
usava como sério pesquisador e através da observação
e da experimentação, concluiu pela existência
dos espíritos como agentes dos estranhos fenômenos.
Dedicou-se a estudar tais fenômenos, percebendo neles um mundo
novo que se abria aos horizontes humanos, com a constatação
plena da imortalidade da alma após a morte do corpo e a possibilidade
do intercâmbio entre os chamados mortos com os chamados vivos
através da mediunidade. Revelações antes já
anunciadas por Jesus e ora estudadas com a profundidade que o assunto
merece.
De posse de informações e pesquisas, colhidas de manifestações
recebidas em diversos lugares do mundo, simultaneamente e por pessoas
desconhecidas entre si, além do trabalho pessoal dele próprio
nesse campo de pesquisa, publicou a obra O Livro dos Espíritos,
obra basilar da Codificação Espírita, que surgiu
em Paris, França, no dia 18 de abril de 1857. A partir daí,
publicou outras obras que se seguiram, fundou uma revista que funcionava
como verdadeiro laboratório de pesquisas, fundou ainda uma
sociedade para reunir os interessados em estudar e pesquisar os
mesmos assuntos e tornou-se o Codificador (organizador) do Espiritismo,
ou seja aquele que organizou os ensinos trazidos pelos espíritos.
Poliglota, homem dotado de muita cultura, e essencialmente um pesquisador,
Hippolyte Leon Denizard Rivail nasceu em Lion, na França,
no dia 3 de outubro de 1804 (data que ora lembramos) e ao publicar
as obras da Codificação Espírita, adotou o
pseudônimo de Allan Kardec, como a dizer que aqueles não
eram livros de sua autoria, mas fruto dos ensinos dos espíritos,
que ele, Rivail, apenas fora o instrumento para organizar e coordenar
os assuntos e dar-lhes publicidade. Não foi médium,
líder religioso, místico ou qualquer outro título
que lhe queiram dar. Apenas um respeitado cidadão francês,
de muita cultura e personalidade firme e bondosa, que defrontado
com estranhos fenômenos, dedicou-se a pesquisá-los,
vencendo inicialmente as barreiras da própria incredulidade,
mas sabedor de que ali se encontrava a resposta para as angustias
humanas. Esta é a personalidade ímpar de Allan Kardec,
o Codificador do Espiritismo.